quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fw: A mãe prematura

A Mãe prematura é seguramente a minoria mais negligenciada da história das instituições de saude em nosso planeta.
Aos seus rebentos foi dada a alcunha de bebe prematuro, como se pertencessem a outra especie que não a humana.
Seu filho foi desconsiderado como representante natural da vida humana por guardar necessidades de cuidado tanto mais extremas quanto mais extrema é a sua prematuridade, necessidades estas entretanto plenamente atendidas durante seu periodo intrauterino.
Sua condição de mãe antes do tempo do que era para ser é costumeiramente recebedora de quase nenhum cuidado a ela dirigido, resumindo-se muitas vezes ao carinho e as iniciativas pessoais do profissional cuidador, desligadas de qualquer politica institucional de apoio e protecao à sua condição prematura.
Seu filho, o bebe prematuro, contabiliza por sua vez uma fonte insegotavel de mercado de trabalho, industria de dispositivos e medicamentos, interesses empresariais de instituições e planos de saude e de politicas de saude, gerando um custo de milhares de dolares anuais que é muitas vezes empregado com qualquer criterio mas quase sempre desconsiderando a mãe prematura e sua intensa luta.
Mesmo os profissionais que trabalham nas Unidades Neonatais estão aptos a reconhecer e intervir em minimas quedas de saturação de seus bebes, mas absolutamente alheios e desconhecedores dos mecanismos de apoio e acolhimento necessarios para receber uma adolescente que aos 16 anos tem seu primeiro filho que é prematuro e entra chorando na Unidade.
Somos fanáticos por Dopamina, mas peredemos a alegria do abraço.
Conquistamos conhecimentos baseados em evidencias e esquecemos da imensa possibilidade que a acolhida nos permite atingir.
Somos os filhos da modernidade.
Durante milhares de anos a mãe prematura foi seguramente a unica e principal cuidadora de seu bebe.
A Neonatologia ocupou o lugar da mãe, afastou-a de s eu filho prematuro, roubando-lhe o matrio poder em nome da necessidade de tratamento e possibilidade da cura.
Criamos, agora sim, uma nova classe de mamiferos: os filhos da UTI.
Criamos um novo rotulo para essas valorosas e negligenciadas mães: as mães de UTI.
E as desprezamos enquanto interesse institucional.
Mas é necessario reverter essa desatenção, esse descuido.
É mais simples que equipar uma unidade.
É mais barato que qualificar um profissional.
Apoiar a mãe prematura deverá ser o grande diferencial para que seja atingida uma assistencia equilibrada.
Valorizar a mãe prematura deverá retira-la deste puratório de negligencia para o qual ela foi exilada, devolvendo-lhe o matrio poder em beneficio da saude global de seu filho, que só existe por ela, que só existe com ela e por respeito a ele e ela é necessario que lhe seja devolvido.
Que as instituições despertem para esta necessidade.
Para o fato de que s eus ideais embora passem pela administrração de recursos, não podem se desvincular da atenção à mãe.
Mãe prematura:
Que seu destino seja premiado de reconhecimento e acolhida.
Que sua posição na gradação da importancia do atendimento possa ser comparada um dia em eficiencia e credibilidade daquela alcançada pelas aminas, pelos ventiladores e pelas incubadoras...
Que seu calor, mãe, que seu amor e que seu leite sejam a maior mola desse futuro delicado e delicioso como um sonho.
Que o homem de ciencia aprenda contigo, mãe prematura, sua inesgotável lição de imenso amor.

Com carinho

Luis Tavares.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Amamentação - Bases Científicas

Fui convidado para um lançamento de um livro espetacular no dia 20 de outubro, às 19 horas, na Livraria da Travessa de Ipanema (R. Visconde Pirajá, 572 / (21) 3205-9002). Como não vou poder ir, convido você a ir no meu lugar. Cada abraço que vocês derem nos autores, digam que fui eu quem mandou. ;)

Ah, que boa surpresa. Eu não sei o salto desta 3a edição. Mas quando eu li a primeira edição fiquei boquiaberto com a multiplicidade de abordagens e pela muito boa qualidade. Gostaria de estar aí para o lançamento.

Esse é um daqueles livros que não vão vender muito (eu acho), por ter um tema tão erradamente tomado como de conhecimento público e abordado de forma tão exaustiva - a maior parte das pessoas vai achar
desnecessário. Mas o conteúdo já era fantástico. Imangino agora.



O livro é editado pelo dr. Marcus Renato e pelo dr. Luis Alberto Mussa, parceiros deste blog e amigos dessa declaração.

E a capa é belíssima, e sabiamente mantida!

Um abraço.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia da criança prematuro

Infância é um período da vida, como qualquer outro. Todos os aspectos da vida de uma pessoa é importante dentro de seu contexto e a infância tem sua importância (o que é geralmente negligenciado). A grande valorização da infância é bem vinda, mas também patrocinada por uma ENORME industria que explora de roupas a produtos alimentares, de segurança a futilidades.

Um menino que age como um idoso é chamado chato, um idoso que age como um menino é chamado de senil. Uma menina que age como se espera que uma adulta aja é chamada de prodígio, uma adulta que age como se espera de uma menina é chamda de irresponsável.

Portanto um feto as a matter of fact age como um bebê antes do tempo certo é chamado de prematuro. E ele não tem um dia para ele.

Hoje, fiz a remoção de um recém-nascido prematuro. Ele estava sendo removido de um hospital privado pago pelo convênio para um hospital público porque, devido a um complexo enredo legal (talvez), ele não podia mais contar com a cobertura do plano de saúde de sua mãe. Por que? Porque sua mãe era uma adolescente de 16 anos. Ela teve (como é mais comum na adolescência) um trabalho de parto prematuro, e teve seu filho antes do tempo dela ser mãe e antes do tempo dele nascer. Nasceram aí também uma avó antes do tempo e uma família inteira lidando com uma situação prematura - que deveriam encarar daqui a 4 ou mais anos. Portanto, a mãe do recém-nascido era dependente do plano de saúde dos seus pais. A criança, ao completar 29 dias de vida, perdeu a cobertura oficial do plano da mãe porque deixou de ser considerado recém-nascido para ser considerado lactente. Mesmo pesando 1600g, mesmo que sua idade gestacional corrigida ainda o classifique como prematuro, ou seja, inápto para nascer (ou imaturo), prematuramente foi despejado como lactente em um hospital público.

Menos mal que o hospital de destino (o público) me surpreendeu em organização e limpeza. Mas a criança foi submetida ao estresse de uma remoção por ambulância com todas as suas implicações. Teve sua rotina e os profissionais que cuidaram dele desde o nascimento por quase um mês, quebrou o vínculo dessa família com a instituição e com os profissionais que as acolheram.

Portanto, na falta de um dia do prematuro, deixo aqui um feliz dia das crianças para os prematuros e suas famílias.

Um abraço.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

E prematuro toma banho?

Imagina: se mães de primeira viagem já têm medo de pegar, trocar e banhar seus filhos, quanto mais uma mãe prematura... Pois bem, o Dr. Luis Mussa Tavares mandou este vídeo delicioso.

Amigos
Recebi da TO Manuela, de Maceio, este video que mostra materia realizada ontem pela TV local.
Tive a oportunidade de conhecer a Marternidade Escola Santa Monica e seu grupo de profissionais ligados ao atendimento dos bebes prematuros.
Divido com voces a gentileza dessa materia.
Acreditem:
O melhor de Maceio não esta nas praias, na comida, no artesanato, na musica ou no clima...
O melhor de Maceio esta na Maternidade Escola Santa Monica e em seus valorosos profissionais de delicada ternura...
Divirtam-se
Com carinho
Luis Tavares.
Este é o link de uma matéria feita na Enfermaria canguru da MESM, sobre o banho de imersão.
http://tudonahora.uol.com.br/video/pajucara-manha/2010/09/23/banho-de-bebes-prematuros


Não consegui trazer o vídeo para cá, mas viage no link acima e divirta-se.

Um abraço.  



quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Minha história prematura - IV

Eu e meu esposo resolvemos ter um filho no inicio de 2006, após um episódio traumático da perda de meu pai. Porém, quando fui fazer a ultrasonografia morfológica descobri que o feto estava sem vida, fui submetida a uma curetagem, foi muito triste, pois queríamos tanto aquele neném.

Passados alguns meses queríamos tentar novamente e como não engravidei logo, o médico me receitou um remédio estimulador de ovulação e no mesmo mês engravidei e para nossa felicidade de gêmeos. Porem logo que foi feita a primeira ultrasonografia o medico nos avisou que um dos bebes não estava crescendo e possivelmente na próxima ultrasonografia não iria acusar mais o mesmo.

Na segunda ultrasonografia como o previsto somente acusou um neném. Mas, como já estávamos preparados para isso estávamos radiantes de felicidade pela criança que viria.
Tudo ia muito bem, ate que na ultrasonografia para ver o sexo do bebe apareceu que não estava ganhando peso. Passou o tempo, o bebe menor que o normal, mas como o resto parecia bem, e o medico nos disse que iria nascer com menos peso que os outros, mas bem, não estávamos tão preocupados.

Porem, no dia 26/07/2007 voltei do trabalho as 18h30horas e como não havia me sentido bem durante o dia todo resolvi tomar um banho e ir deitar. Logo que me deite e me mexi na cama levei um susto, pois estava tendo uma grande hemorragia. Naquele momento fiquei tão desesperada que não sabia quem chamar para me socorrer, pois o meu marido estava trabalhando ate mais tarde naquele dia. A única pessoa que consegui achar o telefone foi meu irmão que veio tão rápido, não sei como, e me levou para o hospital. La chegando ligaram para o meu medico que por azar estava em férias, mas estaria voltando de viajem aquela noite. Consultaram-me e viram que não havia dilatação, ficamos mais tranqüilos, pois o bebe não iria nascer e seus batimentos estavam normais.

No outro dia, 27/07/2007, pela manha meu medico veio e marcou uma ultrasonografia com Doppler, após a mesma ser feita ele veio com resultado e nos disse pela manha, 28/08/2007, iríamos fazer uma cesárea de emergência, pois o bebe não estava ganhando peso pelo contrario estava começando a perder, e se não fizéssemos a cesárea ela morreria e deveríamos dar uma chance de viver, mesmo que fosse quase impossível, pois era muito pequena. Acho que foi a pior noite da minha vida, pois cada hora vinham escutar o coraçãozinho e sempre estava la forte e em poucas horas poderia não estar mais batendo.

Então as 11:00 horas do dia 28/07/2007 veio ao mundo minha pequena Valentina, nome escolhido em razão da situação em que a mesma se encontrava, nasceu com 28 semanas de gestação, pesando 470gramas e 24 centímetros. Fui para a sala de recuperação sem saber se ela estava viva, pois não nos deram esperanças. Só soube que estava viva quando fui para o quarto e meu marido me trouxe uma foto dela.

Assim que pude fui vê-la. Quando cheguei perto da incubadora em que ela estava tive um choque, pois não imaginava que era tão pequena. Mas, no mesmo momento tive certeza que ela iria para casa comigo.

Tive alta e que tristeza ir para casa e não levar o bebe. Então mesmo contra indicação medica no quinto dia depois dela nascer já dirigia, subia e descia as escadas, pois não conseguia ficar em casa longe do meu bebe.

Cada vez que encontrava o pediatra ele me dizia cada dia era um dia não podemos dar previsões, e poderá ter sérias seqüelas. Pois ela era muito pequena e aqui em Erechim – RS nem um bebe com esse peso sobreviveu.

Os dias foram passando e a Valentina sempre forte superando tudo, pneumonias que quase a mataram, uma infecção muito forte e ate uma retinopatia da prematuridade, a qual nos falaram que se não operássemos logo a deixaria cega. O que fazer, pois na cidade ninguém fazia esta operação e o pediatra so liberaria se fossemos de avião com UTI móvel. Pois, conseguimos o tal avião e la fomos nós duas no dia 12/10/2007 para POA fazer a cirurgia. Antes de ir as enfermeiras nos deixaram pegar ela no colo, acho que tinham medo assim como nós que ela não iria agüentar a viagem, foi tão maravilhoso poder beijar ela e sentir o seu cheiro. Já, la em POA vivi uma experiência maravilhosa, pois ate o momento ela estava entubada e chegando la tiraram ela do oxigênio e eu a vi chorar pela primeira vez, quanta emoção. Passados três dias e voltamos, e ela estava muito bem, depois desta cirurgia ela só precisava ganhar peso.

Que susto quando me ligaram do hospital para dizer que deveria fazer a minha mala e a dela, pois passaria alguns dias na UTI para adaptação com ela. Quanta felicidade quando cheguei la e ela estava me esperando numa incubadora dentro do quarto da UTI, mas a partir daquele momento ficaria sobre minha responsabilidade. Foram quase trinta dias de adaptação, acho que virei um pouco enfermeira, abandonei minha casa, minha família e meu trabalho. Nossa quanta felicidade quando no dia 13/12/2007 o pediatra disse que nos daríamos alta. Teve ate festa no hospital, pois ninguém estava imaginado que isso poderia acontecer. Foi o dia mais feliz de nossas vidas.

A minha princesa veio para casa, com sonda para alimentação, pois não tinha forca para sugar. No outro dia que decepção, quando fui alimentá-la a sonda trancou e tivemos que voltar para o hospital para trocar e durante esta troca foi leite para os pulmões, fazendo uma pneumonia por sucção. Que desespero e tristeza quando a pneumo-pediatra nos disse que teríamos que ficar la por 7 dias. Passado os 7 dias fomos para casa com a tal sonda, após 15 dias fui ao seu pediatra para pedir que tirasse a mesma que eu iria ensinar ela tomar mamadeira. Conseguimos. Mais uma vitoria.

Após tudo isso, nos restava somente à incerteza de alguma seqüela. Como não, falar e não caminhar. Fizemos muita fisioterapia motora para incentivá-la, e com 1 ano e 8 meses e começou a caminhar. Nem o pediatra podia acreditar nisso, foi mais uma festa como todas que fizemos com qualquer conquista dela, foi notícia em jornais, rádios e televisão, programas como Jornal do Almoço. 
 
Hoje a minha Valentina, que passou tantas, que quase ninguém acreditava na sua vitoria esta com 3 anos. Tem 9 kg e 86 centímetros. O seu peso ainda nos preocupa. Mas o pediatra nos diz que é normal por tudo o que passou e o que importa e que ela esta bem. Caminhando, falando como um papagaio e por incrível que pareça com um português quase correto, começando ir para a escola e principalmente sem nem uma seqüela contrariando a medicina para prematuros desta linha de peso.  Ela e tão linda. E a razão de nossas vidas.

Não voltei a trabalhar. Os meus dias são para ela. Tenho ate ciúmes quando as pessoas querem pega-la. Sou fascinada por ela. O pai então todo babão. Ela e a coisa mais importante de nossas vidas.

Hoje o que eu posso fazer e agradecer. Agradecer a equipe de enfermagem que foram como mães para ela, ao pediatra que e um segundo pai e sempre esteve conosco nos momentos mais difíceis, ao obstetra que soube fazer a coisa certa na hora certa, a todos os familiares e amigos que rezaram e torceram por nos, ao papai da Valentina que sempre esteve ao meu lado e que mesmo sofrendo muito me apoio em todos os momentos, a Deus que eu pedi tanto para deixar ela comigo e a pequena Valentina que lutou tanto, pois eu pedi que ela lutasse para ficar comigo, pois eu tinha e tenho tanto a oferecer a ela.

E a todos que estão passando por este momento eu posso dizer tenham esperança, acreditem e nunca, mas nunca mesmo deixem que esses pequenos os vejam chorar ou tristes, pois tudo passa para eles. E jamais pensem em desistir, pois o que não me faltou ouvir foi pessoas dizendo coisas como: melhor que ela vá, vai ficar muito sequelada, é impossível, mas em nem um momento isto me abalou, por isso volto a dizer nunca desistam, pois enquanto a vida a esperança.

Como se esquece? Esta pergunta faço quase todos os dias… E já passaram 3 anos…Em cada olhar e sorriso, em cada birra e choro, as recordações regressam sempre.As dúvidas de ontem, as certezas de hoje…Tornaram-me no que hoje sou: Mãe! O peso e a responsabilidade desta pequena palavra. Quando olhas para mim, com o teu doce e malandro olhar, o desafio constante e o amor inexplicável que mutuamente sentimos.A química existente não há formula matemática que a traduza…Olhas para mim como se fosse capaz de consertar tudo o que está mal no mundo, entregas-me tudo o que se parte, como se fosse capaz de arranjar tudo, e não compreendes que nem tudo tem solução, embora eu me esforce para encontrar solução para todos os teus pequeninos problemas.Pergunto-me todos os dias se esta ligação existiria se tudo tivesse sido diferente…Talvez sim, ou não…A tranqüilidade talvez fosse outra, o medo talvez fosse outro… Como se esquece? Ainda não encontrei resposta. O tempo talvez ajude. Esta é a resposta que convenientemente todos me dão. Vou deixar de procurar respostas! Se calar não é para esquecer… Mas sim aprender!A Vida é uma aprendizagem, e maior lição de vida aprendi com a minha filha! Nunca esqueçam foram 470 gramas de amor e determinação, que hoje transformaram-se em vários quilos de amor, teimosia, sorrisos…Para o grande amor da minha vida que já tem 3 aninhos e torna os meus dias mais alegres, agitados, cansativos e felizes.

Michele.
Se precisarem de alguma coisa:

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prematuros famosos

Recebi pelo Facebook uma interessante lista de famosos prematuros. Não que ser famoso eleve a pessoa a qualquer grau de superioridade, mas em geral nos geral algum tipo de estima por um completo desconhecido...

Filosofias à parte, esta lista pelo menos nos mostra que os prematuros não são novidade (pelo contrário, são cada vez mais comuns) e podem sim ser muito muito bem sucedidos. A marioria deles sobreviveu em tempos quando a neonatologia engatinhava (ou sequer existia), e atingiram posições de destaque em suas atividades. Vamos conhecê-los:

Albert Einstein
Einstein nasceu prematuro, na Alemanha, no ano de 1879. Foi físico e matemático e até hoje é conhecido pela sua genialidade. Alemão radicado nos Estados Unidos, Einstein ganhou o Prêmio Nobel da Física pela correta explicação do efeito fotoelétrico. Devido à formulação da teoria da relatividade, tornou-se famoso mundialmente e até hoje é um dos mais respeitados físicos do mundo, cujas teorias são praticamente incontestáveis. Seu rosto está entre os mais conhecidos da humanidade.

Franklin Delano Roosevelt
Nasceu prematuro em 1882. Depois de cultivar uma vida dedicada à política, Roosevelt foi eleito para quatro mandatos como presidente dos Estados Unidos e ocupa um dos lugares mais importantes na História Americana Moderna.

Pablo Picasso
Espanhol nascido prematuro em 1881, em Málaga, é considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas, mas também gravuras, esculturas e cerâmica, usando, enfim, todos os tipos de materiais. Picasso é também conhecido como sendo o co-fundador do Cubismo. Um dos artistas mais respeitados do seu tempo.

Anna Pavlova
Bailarina, nasceu em 1885 e viveu 46 anos. Passou os primeiros meses de vida envolta em algodão hidrófilo por conta da sua condição de prematuridade e das práticas adotadas na época. No entanto tornou-se a mais famosa bailarina do mundo.

Isaac Newton
Nascido em janeiro de 1643, foi astrônomo, alquimista, filósofo natural, teólogo, porém ficou mais conhecido como físico e matemático. É considerado o cientista que mais causou impacto na história da ciência, especialmente pela descoberta da lei da gravidade universal e das leis do movimento conhecida como as leis de Newton.

Charles Darwin
Naturalista britânico ficou famoso ao formular a teoria da evolução baseada em seus estudos no arquipélago de Galápagos. Sua principal publicação, A origem das espécies, publicada em 1859, é até hoje uma referência no meio acadêmico.

Victor Hugo
Escritor, poeta e pensador francês, nasceu em 1802 em Besançon. Publicou seu primeiro livro de poemas Odes em 1822. Sua principal obra Os Miseráveis retrata claramente sua filosofia política de cooperação e de não luta entre as classes sociais.

Stevie Wonder
Compositor, cantor e ativista de causas humanitárias e sociais, este norte-americano nasceu de parto prematuro em 1950. Deficiente visual recebeu o Oscar de melhor canção com I Just Called To Say I Love You da trilha de A Dama de Vermelho, é consagrado como um dos grandes artistas pop dos Estados Unidos.


Fonte: http://www.kerri.thomas.btinternet.co.uk/famous.htm (através do http://www.prematuro.com.br/famosos.html).

Infelizmente, esta lista só conta com prematuros famosos estrangeiros. E os Brazucas? Você conhece algum prematuro famoso brasileiro?

Comente, divulgue, apóie.

sábado, 28 de agosto de 2010

60 dias.

Esse pequeno e delicado blog completa hoje 60 dias. Ele está esperando ansiosamente que as famílias dos prematuros deixem a penumbra para compartilhar suas histórias.

Você passou por uma história prematura? Você conhece alguém que tenha passado por um prematuro e não ficou inerte, mas afetado pela presença deste tão precoce ser humano? Convide-o a conhecer a Declaração dos Direitos Universais do Bebê Prematuro e a contar sua história. Eu já contei a minha.

Um abraço, espero sua ação.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Minha história prematura - III

Meu nome é Monica, tenho hoje 31 anos e sou casada há 10. Como Daniel e eu casamos cedo, planejamos um bebê para quando fizéssemos 30 anos. Assim, estaríamos mais preparados emocional e materialmente.

A gestação corria tranqüila, sem intercorrências. Praticava atividades físicas, mantinha uma alimentação adequada e fazia acompanhamento pré-natal quinzenal.

Numa quinta-feira notei que havia um pouco mais de muco quando fui ao banheiro. Era o tampão que estava saindo e eu não sabia do que se tratava. O muco saiu em abundância até domingo, quando senti uma leve contração e procurei a maternidade. Estava com 7cm de dilatação!. 4 horas depois de dar entrada no hospital, nascia Beatriz, com 1,200kg, 37cm e 27 semanas de gestação. Na sala de parto, o pediatra ainda me deixou dar um beijinho em seu rosto roxinho e eu disse “te amo”.

O parto estava previsto para 20 de agosto de 2009. Dia 18 de maio de 2009, ela nascia. Com 3 meses de antecedência.

Estava confusa e sabia que havia um percentual de chance dela não sobreviver. Um medo enorme tomava conta de mim. Não me permiti sentir dor de pós-parto nem nada. Lembrava que havia um serzinho meu que devia estar sentindo dores mais pungentes e estar com tanto ou mais medo do que eu. Afinal, sair abruptamente do ventre quentinho para um ambiente cheio de luzes e sons, não deve ser nada fácil.

Foram 76 dias de dor. Física para ela, que ainda tem na pele as pequenas cicatrizes das picadas e emocional para nós, que apenas podíamos acompanhar de longe os procedimentos que nossa Bia sofria.

Beatriz foi um bebê grave. Seu pulmão não estava amadurecido plenamente, como acontece com todos os prematuros. Foi dependente de oxigênio por cerca de 50 dias.

Havia também o risco de problemas sérios de visão, problemas também comuns a prematuros extremos, devido ao tempo de dependência de oxigênio.

Foram várias as transfusões de sangue, exames mais ou menos invasivos, inúmeras apnéias (quando o bebê ‘esquece’ de respirar). Cada dia era uma nova batalha. Muitas vezes saíamos felizes da visita da tarde e recebíamos um banho de água fria ao chegarmos à noite.

Optamos por manter a família um tanto que alheia aos acontecimentos. Não achávamos justo com os avós e bisavós receber um turbilhão de notícias muitas vezes ruins. 
Após 76 dias de UTI, chegamos em casa. E uma nova batalha se iniciou. Amamentá-la sem apoio das profissionais, a higiene, o esquema de vacinação.

Uma lista interminável de médicos especialistas a se percorrer. E a cada choro, o pavor de que se seguisse uma apnéia.

Será que a parte motora se desenvolveria perfeitamente? E a cognitiva? Aprender a viver dia após dia. E ter paciência de esperar o tempo dela.

Um dia Beatriz firmou o pescoço. Em outro pegou um brinquedinho com as mãozinhas. Torcíamos a cada rolada que ela consegui dar! Aprendeu a sentar, ficar de pé sozinha... Cada dia tem sido uma nova vitória.

Tivemos a graça de não aparecer, até o momento, nenhuma seqüela. Bia raramente adoece. Teve uma dor de barriga, um resfriado com tosse e roséola! Doencinhas comuns aos bebês.

Dia 1º de agosto comemoramos 12 meses de sua alta.

Hoje, aos 14 meses, Beatriz está de dieta! Precisa manter seus 11 quilinhos! Tem 75cm de altura e desde os 6 meses entrou no gráfico de peso e desde os 9 meses no de altura. Ou seja, antes de completar 1 aninho de nascida, já tinha o tamanho de um bebê nascido de 9 meses.

Sabemos, ainda, que sua imunidade é mais baixa e que a broncodisplasia pulmonar exige cuidados diferenciados. Mas temos uma certeza: Beatriz é a melhor surpresa de nossas vidas!

Monica e Daniel—pais de Beatriz

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

I Workshop Pais de Prematuros

I Workshop Pais de Prematuros
Cuidados Especiais e Calendário de Vacinação

Data: 7 de agosto de 2010 (sábado)
Horário: 9h às 12h
Local: Anfiteatro do Hospital e Maternidade Santa Brígida
Rua Guilherme Pugsley, 1705—Água Verde — Curitiba - Paraná

Programa

Dados da prematuridade, causas freqüentes:
Dra Cintia Angulski Reis — Ginecologista e Obstetra

Idade cronológica x idade corrigida: Pediatra a confirmar

Amamentação e lactação durante e pós UTI:
 Patricia Haus — Enfermeira Intensivista

A importância da estimulação precoce do prematuro:
Rafaela Paiva — Fisioterapeuta Intensivista

Calendário de Imunização do prematuro:
Dra Gislayne Nieto — Pediatra—Sociedade Paranaense de Pediatria

Direitos a medicamentos de alto custo:
Mario Netto — Advogado especialista em Direitos Humanos

Entrada: 1 litro de leite longa vida em prol da Associação Curitibana dos Órfãos da Aids (ACOA)

Inscrições pelo blog, telefone 9979-3220 (c/ Larissa) ou com Rafaela e Patrícia na UTI Sta. Brígida


Tirado do Aleitamento.com
Um abraço.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

30 dias

Nesses trinta dias de blog, caminhamos com passos de formiga mas com muita vontade (o Lulu que me desculpe pelo plágio). Conseguimos uma mínima divulgação, mas é claro que isso já é muito melhor do que antes.

Não sei criar campanhas virais nem fazer publicidade. Mas gostaria de conclamar os (já!) 12 profissionais, os 5 sites parceiros, os 18 leitores-assinantes deste pequeno site e todos os outros que passam por aqui para divulgar esta Declaração. Se ela for levada a sério, como postura profissional e ética dos envolvidos com o cuidado do bebê prematuro (e por que não falar da família prematura?), podemos ter menos sequelas, mais respeito e melhor resultado social.

Coloquem links nos seus sites, nos seus e-mails. Não deixe de contactar seus amigos e inimigos. Vamos nos envolver.

Um abraço, Andre.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Minha história prematura - II

Na verdade, minha história é uma história quase-premautra.

Em 2007, minha esposa estava no segundo trimestre de gravidez de nosso terceiro filho. Numa tarde em que eu estava de plantão em uma UTI-neonatal, eu recebi uma ligação dela dizendo que estava na casa de uma prima  e que quando se levantou do sofá, havia uma enorme mancha de sangue no estofado.

Em 2 segundos meu coração gelou. Uma rápida sensação de falta de ar e uma necessidade imediata de por a cabeça em ordem. O que fazer? "Tô indo praí!" Sem me preocupar muito em ser muito claro, falei para minha chefe que passava visita comigo nos recém-nascidos (dentre eles muitos prematuros) e disse qualquer coisa, enquanto pegava minhas coisas e corria para o carro. Fiz em menos de quinze minutos meu trajeto de Duque de Caxias até a Ilha do Governador, sem sequer saber exatamente se eu como eu estava dirigindo.

Eu sabia bem o que era um prematuro! Eu os via 3 dias por semana. Eu via seu pequeno tamanho. Alguns cabiam literalmente inteiros numa de minhas mãos. Alguns eram furados por agulhas, por minhas mãos. Alguns eram entubados pelas minhas mãos. Alguns eram incomodados, examinados, mexidos, pelas minhas mãos. Eu decidia muito sobre sua sobrevida, sua vida e sua qualidade de vida, enquanto eles estavam em incubadoras de acrílico. Eu falava com seus pais, eu comunicava suas limitações e sucessos. Eu comunicava seus óbitos. Não dava para pensar no meu filho cortado, furado, entubado. Aquilo era muito diário para mim. Não dava para imaginar tudo aquilo no meu próprio filho! Em algum momento do trajeto, eu me lembrei que meu filho não nasceria prematuro. Ele nem seria considerado um prematuro. Ele seria tecnicamente um... aborto. Daí pra frente, parei de pensar.

Cheguei à casa da Pati e vi minha esposa sentada sobre uma poça de sangue. Não sabia o que dizer, o que deveria dizer. No hospital, feita a ultrassonografia, descobrimos que o bebê estava bem, mas que havia um imenso lago de sangue entre a placenta e a parede do útero da minha esposa. Em princípio fiquei feliz por saber que aquele sangue todo não era dele, mas da minha esposa, e que ele estava bem. A ultrassonografista foi muito clara em dizer que se o sangramento não parasse, que meu filho seria espelido e minha esposa corria risco de ter uma hemorragia grave. E então o que fazemos para parar o sangramento?, perguntei nem me lembrando que eu havia feito uma faculdade de medicina e deveria saber a resposta. Esperamos, disse e só.

Depois de vinte e quantro horas de repouso hospitalar, e outro ultrassom, fomos para casa. Num resguardo prematuro, minha filha de apenas 1 ano e alguns meses, perdeu prematuramente o colo da mãe (que não podia pegar peso). Meu filho de 4 anos e poucos meses, prematuramente esperava pelo nascimento do irmão, pela liberação da mãe e que a irmã parasse de chorar estridentemente um choro de colo. Prematuramente, eu pensava num filho que poderia sair de sua "bolsa das águas" e que, apesar de desejá-lo, não o queria agora. Prematuramente, minha esposa estava entre perder ou manter um filho. No meu trabalho, cada prematuro em que eu tocava, me sentia inadequado e impreciso. Foram meses difíceis.

Os dias passaram, o sangramento não voltou. As próximas imagens mostraram que a extensão do descolamento da placenta do meu filho diminuiu. O resguardo foi ficando cada vez mais leve. Ele foi deixando de ser aborto, para prematuro extremo, prematuro leve, e então bebê a termo. Nasceu em janeiro do ano seguinte, o Vitor Céu, muito bem, obrigado.

As consequencias de toda aquela prematuridade anunciada, ficaram por algum tempo. A filha perdeu o colo muito cedo, e levou tempo para se recuperar. O mais velho, estava ansioso e teve, como a irmã, que se fiar nas avós e na empregada para brincar, cuidar e descer. Minha esposa, ao voltar para o emprego, descobriu que no processo sua empresa havia sido vendida, e ela não ia com a empresa. Não teve direitos trabalhistas respeitados, e três advogados amarelaram em iniciar um processo trabalhista. Eu nunca mais consegui ser muito objetivo no meu relacionamento com os pais dos prematuros. Ninguém nunca mais foi o mesmo.

Essa não é a história de um prematuro, mas de uma prematuridade. Ficamos todos torcendo para ele ser pelo menos prematuro. Quando ele já podia ser um prematuro, torcemos para ele ser um bebê a termo. Diante de todas as piores imagens de prematuridades sofridas e de insucesso que minha mente médica podia pintar, agradeço a Deus que tenha deixado esse cálice passar de nós. Agradeceria talvez em qualquer situação. Mas foi essa a que nos coube e fico feliz.

Um abraço, Andre Bressan.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Minha história prematura - I

Essa declaração é fantástica. Desde que conheci o site ficou claro para mim que eu gostaria de contribuir, mas queria pesquisar mais sobre como foi comigo, o que ainda não fiz. Sensível ao seu apelo, deixo o meu relato, pelo que me lembro das histórias que ouvi, na esperança que ele possa auxiliar as pessoas que
lêem sobre isso ou que estão nessa situação.

A minha história como recém-nascida foi assim...

Eu fui concebida no início do casamento dos meus pais. Eles eram jovens e minha mãe estava terminando a faculdade na época. Ela comenta que a vida era corrida e que passava muito mal durante toda a gravidez, com muitos enjoos e ameaças de aborto, e nem sempre os professores eram tolerantes e compreensivos, assim como os chefes.

Eu nasci prematura, numa cezárea, aos 7 meses. Fiquei um mês no hospital, na incubadora, para a angústia dos meus pais e familiares. Todos se mobilizaram muito, já que eu era pequena e frágil. Certamente não era isso o que a minha mãe esperava para ela como mãe e para mim como filha e ela sofreu muito para lidar com essa situação. Ela teve depressão pós parto, mas pôde contar com a sensibilidade da ginecologista, que indicou uma psicóloga que foi algumas vezes à casa dela, uma vez que ela estava se recuperando do parto. Quando eu saí do hospital, minha mãe dizia que tinha muito medo de cuidar de mim, de não conseguir, por me achar tão frágil. Sempre que me olhava, chorava. Havia uma culpa por não conseguir me amamentar (pois o leite tinha secado) e também uma rejeição, que dificultava as coisas. Não que a minha mãe não me amasse, ela rejeitava aquilo que estava acontecendo, não a mim, mas na depressão as emoções ficam muito
misturadas.

Deus nos dá o maior auxílio, mas tivemos a sorte de contar com uma boa equipe de saúde e a receptividade da família. A ginecologista da minha mãe foi muito cuidadosa e tornou-se depois sua amiga íntima e o Dr. Jácomo, meu pediatra, é até hoje uma pessoa idolatrada por nós, por toda a sua paciência, escuta e apoio durante esse momento e toda a nossa infância e adolescência.

A minha família foi muito importante, pelo apoio à minha mãe e ao meu pai e pelas atitudes efetivas de comprometimento. Uma tia enfermeira ajudava a minha mãe a me dar banho; meu padrinho me levava para ser amamentada pelas amas-de-leite à noite, embaixo de sol ou de chuva, como fosse (isso é até uma certa lenda na família, ele conta orgulhosíssimo até hoje, para quem quiser ouvir, como eu mamava satisfeita!); meu pai foi bastante participativo e ia buscar leite com as amigas da minha mãe, ou amigas das amigas, e deu também sua camisa preferida para fazerem uma roupinha para mim (era uma simpatia); minhas avós ajudaram muito, cuidando de mim; minha avó materna fez um travesseirão de penas de ganso, onde eu dormia tipo sanduíche dentro dele, dobrado ao meio, para que me mantivesse aquecida, na cama dos meus pais, que passavam a noite controlando a minha respiração, com medo de algo ruim me acontecer. Minha madrinha, minhas tias e tios também ajudaram muito, se revezando nos cuidados e nos carinhos. Esses mimos todos (sim, confesso que fui muito mimada - e ainda sou) certamente me ajudaram e ajudaram a minha família a superar esse momento tão delicado que é o nascimento de um bebê prematuro.

A consequência disso? Tenho outros dois irmãos, mais novos, que nasceram no período normal. Eu cresci bem, saudável, sou mãe de uma menininha linda, hoje com 6 anos. Tenho 32 anos e sou psicóloga de crianças e adolescentes. Amo o meu trabalho e a minha família e defendo ativamente a importância de uma gravidez tranquila, da atenção ao bebê recém-nascido (especialmente prematuro) e sua família, da licença maternidade de 6 meses, do investimento especial nos cuidados na primeira infância e da importância das vinculações afetivas e da família e da comunidade como colaboradores no desenvolvimento infantil.

Acredito que essa experiência intensa de ter sido prematura foi fundamental para a minha formação, para o sentido que eu dou à minha vida e para o sentido que a minha existência teve e tem na vida dessas pessoas tão maravilhosas que tenho a sorte de ter ao meu lado.

Christiane Kanzler B. Nunes
http://www.kanzlermelo.com

Em 20 dias...

Em cerca de 20 dias de blog, conseguimos algumas boas adesões:

  • 7 profissionais, sendo 5 médicos, 1 psicóloga e 1 fonoaudióloga.
  • 3 sites, todos voltados para o mundo infantil/familiar, editados por profissionais.

Sinceramente, estou um pouco decepcionado.

Não consegui um espaço de divulgação, ainda, em jornais, revistas ou outras mídias. Não consegui que uma mãe apenas escrevesse um testemunho de encorajamento a outras famílias ou da importância do respeito a este ser humano tão frágil. Não consegui uma única empresa (e digo mesmo maternidade) que se interessasse pela Declaração dos Direitos Universais do Bebê Prematuro - nem como peça de marketing (será que são incapazes de incorporar esse respeito pela vida humana?).

Não se trata de IBOPE nem de sucesso, trata-se de espalhar uma mensagem gratuita e graciosa cujo objetivo é assegurar o compromisso social de respeito ao recém-nascido prematuro e sua "família-prematura".

Você pode me ajudar? Que contatos você tem? Com quem você pode falar?

Um abraço,
Andre Bressan.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A mãe de UTI

Seguramente uma das minorias mais negligenciadas da história dos serviços de saúde no mundo inteiro através dos séculos.

A mãe de UTI.

A que gerou um filho e viu-se forçada a entregar compulsoriamente seu bebe para estranhos que se autodenominaram cuidadores, que desenvolveram as próprias regras deste cuidado e que afastaram intencionalmente a mãe do processo de cura como se ela fosse um objeto desprezível e dispensável.

A mãe de UTI.

Para as outras minorias do planeta muitos movimentos e muitas mobilizações se articulam em sua defesa.

Os negros tem seu próprio movimento.

Os homossexuais suas manifestações de orgulho.

Os índios suas fundações nacionais.

Os cegos seus institutos.

Os quilombolas, os assentados, os sem terra...

Parece que para cada canto de terra habitada onde existe uma minoria social ou de credos ou de modus vivendi foi criado um movimento de defesa dessa minoria...

A mãe de UTI não.

Sequer os tratados de neonatologia se recordam dela.

Da sua dor.

Da sua dificuldade de deambular.

Da tormenta que confunde seu coração com o tecnicismo da informação medica sobre a saúde e os cuidados oferecidos a seu filho internado.

Como as outras minorias da história da vida, a mãe de UTI não tem possibilidade de se juntar às outras mães de UTI para discutir e defender seus direitos e suas necessidades de atenção e acolhimento.

Está fraca.

Está sem seu filho.

Está esmagada sob normas rigidas ditadas ditatorialmente pelo trator cuidador.

Esta exilada dentro de seu próprio coração.

O mundo em volta não a pertence.

Transferiu sua vida para a vida de seu filho numa transfusão sem comparativos na história do sentimento humano.

A mãe de UTI.

Ignorada pelos livros de medicina.

Negligenciada por grande parte dos profissionais de saúde.

Esquecida de quase todos.

Em Campos, minha cidade, 20% das gravidas são adolescentes.

10% são mães de bebes prematuros.

Quantas são as mães de UTI de minha cidade?

Quantas são as mães de UTI do Brasil?

E do mundo?

Quantas andam que distancia, durante quanto tempo, com que freqüência e sob que condições físicas e alimentares para estarem (por quanto tempo) com seu filho?

Quem é capaz de medir sua dor quando não há saturimetro para a dor materna?

Quem é capaz de dosar o seu medo quando não há densínometro para o temor materno?

E quem se importa com isso?

Quem cuida dela?

Quem dá à lagrima da mãe ou ao aperto em seu coração a mesma importância que dá à queda acentuada e súbita do hematócrito do bebe?

Que profissional tem aprendido a dar um abraço com a mesma presteza e eficiência que aprendeu a prescrever um fármaco?

Porque se desrespeita tanto o coração de uma mãe de UTI?

Quem se mobiliza por um cantinho para acolhe-la e cuidar dela?

Uma grande mãe canguru para acolher mães de UTI em seu colo e alimenta-las com as mesmas doses de amor, calor e leite materno que curam seus filhos da dor e do isolamento e os preparam para a vida?

É necessário proteger essa mãe.

Essa minoria negligenciada é necessário que seja cuidada com respeito e carinho.

É fundamental que pipoquem Leis do Prematuro pelo país afora da mesma forma como ela já está quase nascendo em minha cidade de Campos.

É necessário que sejam criadas Casas de Apoio às Mães de UTI pelo Brasil afora.

É necessário pensar essas mães.

Retira-las do isolamento para onde a tecnocracia as exilou.

Traze-las para a vida.

Cuidar delas.

Abraça-las.

Porque se o coração de uma mãe é capaz de amar integralmente seu filho, o coração de uma mãe de UTI é repouso para a humanidade inteira.

Com carinho
Luis Tavares.

Pediatra.
Campos dos Goytacazes, RJ.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Convite.

Como dito no Blog do Pediatra em Casa, quero convocar todos vocês para que participipem deste novo exercício. Este artigo admite comentários. Mas este blog admite principalmente adesões. Portanto, existem três convites:

Primeiro para experiências. Se você teve seu coração apertado porque alguém nasceu antes do tempo e precisou de esforço, abrigo e empenho de uma equipe médica especializada, da família e de uma instituição de saúde, escreva seu depoimento. Escreva esta história da sua vida. Queremos compartilhar as experiências da prematuridade. Escreva para o meu e-mail, e coloque no assunto "história de um prematuro". Não se esqueça de colocar seu nome (pode inventar um), o nome da criança (ou qual ele seria, se o desfecho não foi como você esperava) e de onde você escreve. Eu publicarei as histórias, na medida que elas chegarem. Isto pode ser de tremendo conforto para alguma outra família. Só não publicarei críticas pessoais ou profissionais nominais. Queremos focar na grande vida que se manifesta naquele pequeno ser humano e no esforço empenhado pelas pessoas à sua volta.

O segundo convite é para adesões profissionais. PODERÃO PARTICIPAR  PROFISSIONAIS DE SAÚDE, REPRESENTANTES DE EMPRESAS,  DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E DE ÓRGÃOS PÚBLICOS E PRIVADOS. Então, pediatras, obstetras, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, motoristas de ambulância, maqueiros, engenheiros clínicos, administradores de maternidades, profissionais e empresas de higienização e assistência técnica hospitalares, empresas de remoção terrestre e aérea, industrias de equipamento médico, industrias de suprimentos para pré-termos, ministros religiosos, voluntários, empresas de produtos para recém-nascidos pretermos (fraldas, roupas, acessórios), planos de saúde, conselhos e sociedades profissionais e qualquer outra pessoa cujo exercício de sua atividade profissional seja vinculado ao cuidado do recém-nascido pré-termo estão convidados para assinar. Escreva para meu e-mail, com o assunto "eu assino embaixo", e eu colocarei seu nome, seu registro, sua cidade, e o logo da sua empresa (ou sua foto), como signatária da declaração. Assim, pais e mães que estiverem procurando uma maternidade ou profissional para que participem da vinda de seus filhos para a vida, caso sejam prematuros, saberão que serão tratados com humanidade e respeito.

 Agora, se você leitor se deixou seduzir e inspirar pela Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro, como eu,  mas não se encaixa nos profissionais ou empresas que podem assiná-la, nem em quem teve uma experiência prematura, deixe um comentário ao final, e isso nos dará força.

Peço que você também copie e divulgue livremente este artigo, para convidar empresas, entidades, profissionais, órgãos públicos e a mídia a se comprometerem publicamente com os termos desta Declaração (não precisa pagar nada por isso!). Vamos encher este post de comentários e tornar a vida dos prematuros mais digna e respeitada.

Um abraço, emocionado e esperançoso.

Andre Bressan
Médico pediatra, pais de três filhos, e signatário da Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro.

Uma Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro

Esta declaração foi escrita pelo médico fluminense Luis Alberto Mussa Tavares, de Campos dos Goytacazes/RJ, em comemoração ao 60o. aniversário da Declaração Universa dos direitos do Homem (1948-2008) e ao 30o. aniversário da criação do Método Mãe-Canguru na Colômbia (1979-2009).

O dr. Luis teve a grandeza de distribuir este texto embrionário em Domínio Público, por isso, transcrevo aqui sem maiores ressalvas. Eu primeiro o fiz no meu blog pessoal, com menor repercursão do que eu imaginava e certamente muito menor valor que esta declaração merece.

Portanto, este é um blog de um artigo só, como aquele samba de uma nota só, do Jobim.

Apresentação
"E então minha criança linda, quero te dar o que trago na minha alma... Acolhe em ti, agora, com muita força e calor, aquilo em que me transformo para ti...: num arco-íris de amor." - Roberto Shinyashiki.

Um amor sem limites e uma entrega total dia e noite, com o corpo e a alma. Será o compromisso que deslumbrará o mundo. Mãe e filho estarão cobertos por um firmamento resplandeccente de suas luzes. Serão, talvez, imunes à chuva; poderão afundar numa nascente cristalina e perceber não mais que a vibração sonora de suas águas.

O fogo não os queimará, mas consiguirá transferir o calor de que o bebê necessita para que sua vda se encha cada vez mais de ansias de viver.

As harmonias serão todas doces que não deixarão de se olhar nem de se admirar. O amor desse ventre continuará acolhendo-o, porque a espera não foi em vão. A canção de ninar será como nos meses de espera, e, assim, as pulsações serguirão sincornizando-se para que esse formoso fruto venha a encontrar a mesma calma com que tranquilamente descansava enquanto crescia.

Acaso poderemos imaginar o mundo de magias e encantamento que se estabelece quando a mãe consegue, pela primeira vez, acariciar seu filho com suas mãos, quando o ergue e o aperta cotra seu peito e o coloca entre seus seios? Esses seios que o alimentarão com o leite da bondade humana na relação mais sincera, no maior ato de amor quando não existirá compromisso para lhe dar o alimento que fará eco e todo o seu ser, e, em troca, ele a olhará com o terno e sublime carinho. O pagamento será a beleza de sua presença e, assim, fazê-la feliz para o resto da sua existência.

Além disso, o peso não importará, somente a condição clínica dará a medida da felicidade que uma mãe sentirá quando consiga ter o filho em seus braços.

Abençoaremos o Dr. Luis Mussa Tavares por ter escrito Os Direitos Universais do Prematuro. Tal como aqui, nascem os iniludíveis deveres para que não se separem mãe e filho sob nenhuma justificativa.

Cabe à mãe mostrar o mundo a seu filho, e a idéia de família será sinalizada para ele, que a entenderá como algo que se constitui de laços sagrados.

Para o bebê prematuro, a Metodologia Mãe-Canguru necessita tão-somente do ser mais importante para ele: sua própria mãe.

Os direitos dos bebês prematuros são nossos próprios deveres. Inclinemo-nos diante da majestade desse ser pequenino e vamos protegê-lo, pois a beleza de seu futuro é nosso compromisso.

Héctor Martinez, neonatologista colombiano e "pai" do Método Máe-Canguru.

Artigo I
Todos os prematuros nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência. Possuem vida anterior ao nascimento, bem como memória, aprendizado, emoção e capacidade de resposta e interação com o mundo a sua volta.

Artigo II
Todo prematuro tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
 
Artigo III
Nenhum prematuro será arbitrarimente exilado de seu contexto familiar de modo brusco ou por tempo prolongado. A preservação desse vínculo, ainda quando silenciosa e discreta é parte fundamental de sua vida.
 
Artigo IV
Todo prematuro tem o direito ao tratamento estabelecido pela ciência, sem distinção de qualquer espécie, seja raça, cor, sexo, ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Assim, todo prematuro tem o direito de ser cuidado por uma equipe multidiscipinar capacitada a compreendê-lo, interagir com ele e a tomar decisões harmônicas em seu benefício e em prol de seu desenvolvimento.

Artigo V
Todo prematuro tem direito à liberdade de opinião e expressão, portanto deverá ter seus sinais de aproximação e afastamento identificados, compreendidos, valorizados e respeitados pela equipe de cuidadores. Nenhum procedimento será considerado ético quando não levar em conta para a sua execução as necesssidades individuais de contato ou recolhimento do bebê prematuro.
 
Artigo VI
Nenhum prematuro será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Sua dor deverá ser sempre considerada, prevenida e tratada por meio dos processos dispnibilizados pela ciência atual. Nenhum novo procedimento doloroso poderá ser iniciado até que o bebê se reorganize e se restabeleça da intervenção anterior. Negar-lhe esse direito é crime de tortura contra a vida humana.
 
Artigo VII
Todo prematuro tem direito ao repouso, devendo por isso ter respeitados seus períodos de sono superficial e profundo que doravante serão tomados como essenciais para seu desenvolvimento psíquico adequado e sua regulação biológica. Interromper de forma aleatória e irresponsável sem motivo justificado o sono de um prematuro é indicativo de maus-tratos.
 
Artigo VIII
Todo prematuro tem direito inalienável ao silêncio que o permita sentir-se o mais próximo possível do ambiente sonoro intrauterino, em respeito a seus limiares e à sua sensibilidade. Qualuer fonte sonora que desrespeite esse direito será considerada criminosa, hedionda e repugnante.
 
Artigo IX
Nenhum prematuro deverá, sob qualquer justificativa, ser submetido a procedimento estressate apliado de forma displicente e injustificada pela Euipe de Saúde, sob pena de a mesma ser considerada negligente, desumana e irresponsável.
 
Artigo X
Todo prematuro tem direito a perceber a alternância entre claridade e penumbra, que passaraão a representar para ele o dia e a noite. Nenhuma luz intensa permanecerá o tempo inteiro acesa, e nenhuma sombra será impedida de existir sob a alegação de monitorização contínua sem que os responsáveis por esses comportamentos deixem de ser considerados displicentes, agressores e de atitude dolosa.
 
Artigo XI
Todo prematuro tem direito, uma vez atingidas as condições básicas de equilíbrioe vitalidade, ao amor materno, ao calor materno e ao leite materno, que lhe serão oferecidos pelo Método Mãe-Canguru. Caberá à Equipe de Saúde prover as condições estruturais mínimas necessárias a esse vínculo esasencial e transformador do ambiente prematuro. Nenhum profissional ou cargo de comando, em nenhuma esfera, tem a prerrogativa de impedir ou negar a possibilidade desse vínculo que é símbolo da ciência tecnocrata redimida.
 
Artigo XII
Todo prematuro tem direito a ser alimentado com leite de sua própria mãe, ou na falta dela, de outra mulher, tão logo suas condições clínicas o permitirem. Deverá sua sucção corretamente trabalhada desde o início da vida e caberá à Equipe de Saúde garantir-lhe esse direito, afastando de seu entorno bicos de chupetas, chucas ou qualquer outro elemento que venha interferir negativamente em sua sucção saudável, bem como assegurar-lhe seu acompanhamento por profissionais capacitados a facilitar esse processo. Nenhum custo financeiro será considerado demasiadamente grande quando aplicado com esse fim. Nenhuma fórmula láctea será displicentemente prescrita, e nenhum zelo será descuidadamente aplicado sem que isto signifique desatenção e desamparo. O leite materno, doravante, será considerado e tratado como parte fundamental da sua vida.
 
Palavras Finais
A história dos direitos essenciais do recém-nascido pré-termo se confunde com a história do desrespeito com que a raça humana trata seu semelhante. Desde o período mais longíncuo do qual se tem notícia, e até muitas vezes na atualidade, o bebê pré-termo, por sua fragilidade e alta mortalidade, continuadamente recebeu da ciência oficial o mesmo descaso que tradicionalmente sempre foi destinado aos mal-formado e aos incuráveis. A falta de uma perspectiva de tratamento, somada à ausência de um ambiente adequado para a recuperação destes bebês, reduziu, na maior parte das vezes, as esperanças de sobrevivência aos cuidados maternos, aos quais eram transferidas as responsabilidades das tentativas e dos manejos salvadores.

Foram, portanto, o vínculo e a habilidade materna, natural e instintiva, as forças maiores que mantiveram a vida desses pequenos bebês ao longo dos séculos.

Não é incomum ouvirmos até hoje relatos a cerca de pequenos bebês criados em caixas de sapatos envolvidos em algodão e alimentados por gotas maternas de sobrevivência.

"Um bebê sozinho não existe. Existe um bebê e sua mãe", já dizia Winnicott. Em finais do século XVIII, com a invenção dos primeiros protótipos das incubadoras, nasciam as luzes de um conhecimento que o século seguinte conheceria como a neonatologia.

A ciência, a partir daí investida de tecnologia mecânica, passou a exercer papel essencial no tratamento dos aspectos ligados à prematuridade, bem como na elevação do índice de sobrevivência desses bebês.

Assumiu a palavra final então, por mérito próprio, a ciência oficial.

A mãe, milenar responsável pela preservação da vida do bebê pretermo, foi radicalmente exilada de sua companhia, e seu papel cuidador desprezado no processo de sua recuperação. O avanço da ciência possibilitou o conhecimento da fisiopatologia das principais ameaças que a condição premtura impunha à sobrevivência desses bebês, transformando a incipiente ciência da neonatologia na forma única de um tratamento indicutivelmente aceita.

Em meados do século XX, com a descoberta do surfactante, tornaram-se cada vez mais desvendados os segredos que permitiram tratar com sucesso bebês com pesos cada vez menores em condições de saúde cada vez mais desfavoráveis. A morte passou a poupá-los de forma cada vez mais frequente.

Rapidamente foi-se perdendo o parâmetro do que era incurável e do que era inviável. O céu, à essa altura, era o limite. Teve-se assim, por algum tempo, a impressão de que a ciência e o divino falavam o mesmo idioma. Não havia mistérios impossíveis de serem desvendados nem condições clínicas incapazes de serem tratadas pela quimica, máquina, técnica e autoconfiança que iam se transformando em única evidência.

A ciência mergulhava em grande êxito e euforia quando percebeu a necessidade de refazer o caminho perdido atalhos atrás.

Se por um lado os mistérios de sobrevivência já não eram mais um problema por tanto conhecimento acumulado, por outro a avaliação da qualidade de vida que essa cura alcancada imprimia a esses sobreviventes deixavam transparecer sinais preocupantes.

Com o afastamento materno, trocado por hiperexposição em ambientes cada vez mais hostis e sem afeto, carregados de índices anti-fisiológicos de ruído, luz, dor, manipulação e desrespeito aos desejos de comunicação e afastamento do pré-termo, fez surgir um novo padrão de seres vivos, vítimas do cuidado desatento às suas necessidades, vítimas do tratamento desrespeitador de suas habilidades e vítimas da atenção à saúde desprezadora de suas capacidade de interação com o meio: nascia a síndrome do bebê de UTI, salvo da morte e esquecido em sua integridade.

Esses bebês cresceram e, vítimas do descaso e da parcialidade da ótica terapêutica, perpetuaram suas necessidades de cuidados.

Era preciso, então, percebeu a ciência ao desconsiderar Deus, atingir um padrão de cura que permitisse chegar muito além da terapia clínica calcada em índices físicos e laboratoriais.

Era preciso cuidar da emoção da complexidade da vida inteira de nossos pequenos semelhantes.

Aqui e ali passaram a surgir pensamentos, práticas e ajustes isolados na tentativa de recuperar o tempo perdido.

Foi na Colômbia, entretanto, em 1979, que os médicos Edgar Rey e Hector Martinez fizeram chegar à luz o mundo o Método Mãe-Canguru (MMC), todo feito de tecnologia humana imprescindível e insuperável.

Nascida de condições precárias de estrutura de atendimento, a grandiosidade doMMC em pouco tempo expandiu seus limites sul-americanos, alcançando rapidamente o mundo inteiro como uma nuvem de frescor contra o cansaço do insuperável e as deficiências do indestruível. Recebeu versões em cada país onde foi adotado, e, por ter sido adotado em todo o planeta marcou o nascimento de um novo paradigma de atenção ao recém-nascido pré-termo.

A mãe é trazida de volta ao convívio com o seu filho, reabilitando o seu papel histórico de principal cuidadora e de insubstituível valor. A ciência abre mão de impor sua parafernália como últia palavra e transfere ao amor, ao calor e ao leite materno os papéis de destaque no processo de cura. A espécie humana descobre na tecnologia humana o valor da preservação da vida que tentou encontrar por mais de dois séculos sob o jugo da tecnologia mecânica.

O bebê de UTI recebe a chance de ser substituído pelo bebê canguru.

Definitivamente um novo tempo para a humanidade inteíra.

Um abraço.