quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Fw: A mãe prematura

A Mãe prematura é seguramente a minoria mais negligenciada da história das instituições de saude em nosso planeta.
Aos seus rebentos foi dada a alcunha de bebe prematuro, como se pertencessem a outra especie que não a humana.
Seu filho foi desconsiderado como representante natural da vida humana por guardar necessidades de cuidado tanto mais extremas quanto mais extrema é a sua prematuridade, necessidades estas entretanto plenamente atendidas durante seu periodo intrauterino.
Sua condição de mãe antes do tempo do que era para ser é costumeiramente recebedora de quase nenhum cuidado a ela dirigido, resumindo-se muitas vezes ao carinho e as iniciativas pessoais do profissional cuidador, desligadas de qualquer politica institucional de apoio e protecao à sua condição prematura.
Seu filho, o bebe prematuro, contabiliza por sua vez uma fonte insegotavel de mercado de trabalho, industria de dispositivos e medicamentos, interesses empresariais de instituições e planos de saude e de politicas de saude, gerando um custo de milhares de dolares anuais que é muitas vezes empregado com qualquer criterio mas quase sempre desconsiderando a mãe prematura e sua intensa luta.
Mesmo os profissionais que trabalham nas Unidades Neonatais estão aptos a reconhecer e intervir em minimas quedas de saturação de seus bebes, mas absolutamente alheios e desconhecedores dos mecanismos de apoio e acolhimento necessarios para receber uma adolescente que aos 16 anos tem seu primeiro filho que é prematuro e entra chorando na Unidade.
Somos fanáticos por Dopamina, mas peredemos a alegria do abraço.
Conquistamos conhecimentos baseados em evidencias e esquecemos da imensa possibilidade que a acolhida nos permite atingir.
Somos os filhos da modernidade.
Durante milhares de anos a mãe prematura foi seguramente a unica e principal cuidadora de seu bebe.
A Neonatologia ocupou o lugar da mãe, afastou-a de s eu filho prematuro, roubando-lhe o matrio poder em nome da necessidade de tratamento e possibilidade da cura.
Criamos, agora sim, uma nova classe de mamiferos: os filhos da UTI.
Criamos um novo rotulo para essas valorosas e negligenciadas mães: as mães de UTI.
E as desprezamos enquanto interesse institucional.
Mas é necessario reverter essa desatenção, esse descuido.
É mais simples que equipar uma unidade.
É mais barato que qualificar um profissional.
Apoiar a mãe prematura deverá ser o grande diferencial para que seja atingida uma assistencia equilibrada.
Valorizar a mãe prematura deverá retira-la deste puratório de negligencia para o qual ela foi exilada, devolvendo-lhe o matrio poder em beneficio da saude global de seu filho, que só existe por ela, que só existe com ela e por respeito a ele e ela é necessario que lhe seja devolvido.
Que as instituições despertem para esta necessidade.
Para o fato de que s eus ideais embora passem pela administrração de recursos, não podem se desvincular da atenção à mãe.
Mãe prematura:
Que seu destino seja premiado de reconhecimento e acolhida.
Que sua posição na gradação da importancia do atendimento possa ser comparada um dia em eficiencia e credibilidade daquela alcançada pelas aminas, pelos ventiladores e pelas incubadoras...
Que seu calor, mãe, que seu amor e que seu leite sejam a maior mola desse futuro delicado e delicioso como um sonho.
Que o homem de ciencia aprenda contigo, mãe prematura, sua inesgotável lição de imenso amor.

Com carinho

Luis Tavares.