quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Cresce número de bebês nascidos com baixo peso no país

Da Folha:


Na contramão da melhoria dos indicadores de saúde de recém-nascidos, o índice de bebês com baixo peso ao nascer vem aumentando no Brasil nos últimos anos. 

Dados preliminares do Ministério da Saúde tabulados pela Folha mostram que, no ano passado, o índice de bebês nascidos com menos de 2,5 kg foi de 8,4%. 

Há dez anos, era de 7,9% --o ideal, para a OMS (Organização Mundial da Saúde), é abaixo de 5%.
O valor é puxado por Estados mais desenvolvidos, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde o índice chega a 9,5%. 

Nesses locais, há uma porcentagem maior de cesáreas --o que, dizem os médicos, é a principal explicação para o fenômeno. 

"A cesariana programada faz a criança nascer antes do tempo ideal, com peso baixo", diz Renato Procianoy, presidente do departamento de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Para o Ministério da Saúde, o aumento é "progressivo e preocupante". "Estamos criando uma geração de baixo peso, que terá muito mais chance de ter obesidade, diabetes e hipertensão", afirma Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde. 

O baixo peso ao nascer traz risco de doenças crônicas e reduz a expectativa de vida.
"Não adianta colocar na UTI neonatal. Ela dá uma falsa segurança de que vai dar conta da saúde do bebê, o que não é verdade", afirma o epidemiologista e coordenador da Pastoral da Criança, Nelson Arns Neumann. 

Magalhães ressalta ainda que a UTI tem alto custo e aumenta o risco de infecções. 

O governo quer estimular o parto normal e diz estar investindo no atendimento à gestante pela Rede Cegonha, programa lançado em março para ampliar a assistência a mães e bebês na rede pública de saúde. 


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Exigimos respeito

Somos, segundo a OMS, mais de 13 milhões a cada ano.
Isso é alguma coisa perto de 10% de todos os bebês nascidos vivos no planeta.
Desses 13 milhões, 1 milhão de nós não consegue sobreviver e morre por condições inadequadas de atendimento.
A maioria de nós chega ao mundo pelos paises de economia frágil: Asia e Africa.
Ali também é que a maior parte de nós não sobrevive.
Aqui no Brasil temos crescido em numero de nascimentos a cada ano.
Somos pequeno um país dentro de um país.
Um pequeno país de exilados de suas familias.
Confinado a casas de acrilico e a um ambiente exageradamente tratador.
Ao lado das aminas salvadoras, recebemos excessivos luz, som, dor, manipulação, falta de sono, privação do amor, do calor e do leite materno...
Sabemos que esse exilio cruel é decretado em nome de nossa cura.
E temos consciencia de que o esf orço das equipes de saude para garantir nossa sobrevivencia tem sido surpreendente e essencial.
é cada vez mais certa a certeza de que retornamos para o colo de nossas mães e para o seio de nossas familia sobrevivendo a pressagios de morte certa e às previsões mais pessimistas...
Somos imensamente gratos à ciencia que tem nos permitido estar aqui, salvos do caos gerado por um nascimento fora de época, antes do que era para ser...
Mas hoje queremos nesse manifesto juntar nossos frageis corações e nossa delicada saude num esforço ultra humano e dizer para o mundo que nos cuida, nos cataloga, nos cochraneia e nos transforma em teses de mestrado, doutorado, artigos, livros, entrevistas e reportagens pelo mundo afora:
Exigimos respeito.
Nossas mães, enfraquecidas, não tem permissão para estar em nossa companhia pelo tempo inteiros que ambos precisamos.
Muitas das UTIS para onde nos confinam não tem sequer espaço para recebe-las.
C hamam de UTI Neonatal como se nós, neonatos, fossemos independentes de nossas mães e como se nossas vidas não pecisasse da delas para crescer com harmonia e integraldade.
E sequer destinam recursos para garantir vagas para muitos de nós nessas UTIs. Muitas mrtes correm por socorro insuficiente. Por condição tecnica insuficiente. Por pessoal insuficiente. Somos assim, por esse descaso oficial, tratados como supérfluo, como sobra. Sobreviver é lucro, não essencial. Como se a vitória de uns de nós alcançada em grandes e melhores centros não pudesse, por conta disso, dessa disparidade de consições, ser estendida a todas as Unidades do mundo. E como se não fosse possivel existir Unidades suficientes no mundo para todos nós. Somos a sobra. E assim, muitos de nós nascemos decretados à morte por simples descaso da humanidade. E olha que a história deve grandes passos de sua caminhada a homens que um dia nasceram prematuros as que o cuidado materno preservou para a vida: Einstein, Newton, Picasso, Darwin, Vitor Hugo... Se a humanidade sem eles seria tão mais triste, por que não investimos numa humanidade com todos nós, com uma humandade inteira?
Respeito.
Inadmissivel perceber que as pessoas falam alto nas UTIs como se as UTIs fossem a casa delas, não nossa.
Como se cuidar de nosso cérebro em desenvolvimento (foi assim que aprendemos com a tia Raquel Tamez) não tivesse a haver com falar baixo e causar menos barulho e menos dano, perturbar menos nosso sono, impedir menos nosso repouso...
Nossos cuidadores precisam respeitar nossa dor e trabalhar para não causa-la a cada agulhada entre as interminaveis colates de exames muitas vezes protocolares que atendem cada vez mais às necessidades deles e não às nossas.
A luz nas UTIs não precisava ser tão forte nem ser forte o tempo inteiro. Precisamos de um pouco de penumbra. Preservar noss sono, como humanos. A ciencia não já determinou que é no son o que nosso cérebro se reorganiza e registra aprendizados e memória? Se já inventaram a luz de cortesia para os onibus por que não as utilizam em nosso favor?
As equipes que cuidam da gente precisam saber como conversar conosco, mas para isso precisam entender as coisas que dizemos com nossas mãos, com nossos olhos, com nossa boca, com nossas perninhas, com nossos dedinhos, com nossos pés... Pecisam entender quando dizemos: preciso ficar sozinho ou quando chamamos: fica aqui comigo. Precisam aprender quando cansamos. Precisam entender quando dizemos: voce não acha qe está exagerando? Precisam nos proteger do cansaço, da fadiga, da exaustão...
Somos impedidos do contato com o seio materno sob alegações que graças a Deus muitos serviços já provaram serem descabidas. Muitos de nós somos afastados da primeira experiencia com o seio materno até que completemos 34 semanas ou atinjamos 1800 ou 2000 gramas. Abandonam nossa boca. Nossa possibilidade de suc ção é reduzida. Mas não se acanham de nos oferecer através de sondas, gazes, tubos e outras geringonças um sem numero de experiencias orais negativas e desestabilizadoras.. Felizmente muitos de nós ja temos contato com a mama da mamãe (que é mamãe porque nos oferece a mama, ne?) com pesos proximos a 1200 gramas e é ai que aprendemos a sugar para que possamos, depois dai, aprendermos a mamar...
Exigmos respeito.
Ter nossas vidas salvas mesmo sob condiçôes de muito empenho e dedicação não pode ser o argumento para nos transformar em refens silenciosos de um tratamento que não cuida de observar nossa individualidade, de nos reaproximar de nossa mãe, de nossa familia, de nos tratar de modo contingente e ajustado...
Ah...
É por conta disso que exigimos respeito.
Há pouco mais de 30 anos na Colombia os tios Hector e Edgar Rey mostraram ao mundo como amamos nossas mães e como seu calor, seu amor e o leite de seu peito são essenciais pr a nosso crecimento saudável.
Há pouco mais de tres decadas alimentamos, 13 milhões a cada ano no mundo, a esperança de permanecer vivos além da bioquimica e cuidados além da farmacologia.
Exigimos respeitos.
Somos bebês que nasceram antes da hora do que era pra ser.
Não somos outra espécie de gente. Somos humanos. Temos direitos inalienávis e inegociaveis que são trocados e esmagados a cada entubação ou a cada necessidade de dobutamina ou de coleta de serie branca, glicose e cálcio.
Exigimos respeito.
Um respeito que é nosso por direito.
Um respeito universal.
Um respeito que faz parte da Lei de Deus.
Obrigado.

Um bebe nascido prematuramente, integro nas suas capacidades de atenção e interação e digno de ser em todos os lugares e sem distinção reconhecido como pessoa diante da lei.

Luis Tavares
in www.alemdauti.blogspot.com

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Notícias de prematuridade


Gravidez precoce aumenta risco de cegueira infantil
Mdemulher
Para Queiroz Neto, a gravidez nessa faixa estaria esta associada à sobrevida de 80% dos bebês prematuros e esta fazendo a retinopatia da prematuridade crescer no país. A doença, caracterizada pelo desenvolvimento desordenado dos vasos da retina que ...
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Escapes de automóvel aumentam risco de parto prematuro
TVI24
Devido à poluição, nascem mais bebés prematuros nas grandes cidades do que nas zonas rurais. Para uma grávida que viva numa cidade grande e poluída as probabilidades de ter um parto pré-termo são muito superiores ¿ mais 30 por cento ¿ às que se ...
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DN Online - Saúde - Prematuros correm risco duplo ao nascer e na ...
Ao todo, foram analisados 674.820 nascimentos, sendo 4,1% deles prematuros, definidos como gestações com duração menor a 37 semanas. ...
www.dnonline.com.br/.../prematuros-correm-risco-duplo-ao-n...

O bebê prematuro na TV

Por Luis Tavares.
Nesta terça feira, 18 de outubro, Dia do Médico, o programa Conexão Brasil (apresentado pela TV Século 21 de Campinas, com transmissão pela parabólica e pelo site http://www.tvseculo21.org.br/conexaobrasil apresentará o tema "O bebê prematuro".
O programa é comandado pelo Dr. José Martins Filho, da UNICAMP, emérito defensor da amamentação no Brasil e autor de um dos livros mais estudados nos anos 80 sobre o tema: Como e porque amamentar.
O entrevistado é o pediatra campista Dr. Luis Alberto Mussa Tavares que esta lançando livro novo (Uma Declaração Universal de Direitos para o Bebê Prematuro - Edição Comentada) e um projeto (Casa de Apoio para a Mãe de UTI).
O programa é dividido em 4 blocos de 12 minutos.
O tema é a abordagem humanizada e respeitosa do bebê prematuro, a importancia do envolvimento da familia em seu cuidado e a visão pessoal desse pediatra acerca das pe rspectivas futuras do atendimento a esse bebê.
Considerando a importancia social do nascimento prematuro para a humanidade, hoje calculado em mais de 13 milhoes de nascimentos anuais, o tema é de importancia fundamental, uma vez que discute o direito à vida e ao tratamento respeitoso de uma imensa parcela de nossa população que nem sempre recebe, por inumeros motivos, acolhimento adequado e contingente de nosso sistema de saude cada vez mais bioquimico e farmacológico e cada vez menos integral.
Convido a todos a dividirem comigo estas considerações tão magistralmente conduzidas pela exeriencia e pelo talento do Dr José Martins Filho.
http://www.tvseculo21.org.br/conexaobrasil
Um abraço.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bebês Prematuros - Mitos e Verdades

Por Psicopedagogia Clínica - BH / MG:

Todo prematuro é igual
Mito. Existem prematuros tardios e extremamente prematuros (que nascem com menos de 32 semanas). Segundo Victor Nudelman, neonatologista do hospital Albert Einstein, é possível cuidar de bebês a partir de 25 semanas, com peso próximo a 500 gramas. “A ansiedade da mãe de um bebê assim é diferente da mãe de um bebê de 34 semanas. Dependendo do grau de imaturidade, os bebês terão tempos e dificuldades completamente diferentes”, diz.
Bebês de 35 semanas são prematuros
Verdade. “Crianças que nascem antes de 37/38 semanas, por definição, são prematuros”, afirma a pediatra Heloisa Ionemoto, do Hospital Infantil Sabará.
A mãe não pode segurar o bebê prematuro
Mito. Segundo os médicos, as mães devem segurá-lo no colo, desde que com cuidado e sempre orientada pela equipe médica, como ressalta Jorge Huberman, neonatologista do Hospital Albert Einstein. A pediatra Heloisa lembra que há programas como o “Projeto Canguru”, no qual o contato físico entre pai/mãe e bebê prematuro ajuda no desenvolvimento. Mas vale lembrar que a incubadora é importante para manter o pequeno sempre aquecido.
O prematuro precisa passar mais de um mês no hospital
Depende. O risco de mortalidade e doenças específicas está inversamente relacionado à idade gestacional. “Quanto menor a idade gestacional, maior a chance de complicações. Os prematuros com mais de 34 semanas, de um modo geral, se saem muito bem, já os menores enfrentam mais dificuldades. Desta forma, estes bebês precisam de cuidados especiais que podem durar poucos dias a alguns meses, com necessidade de internação hospitalar”, esclarece Maria Otília Bianchi, neonatologista da UNICAMP.
Os órgãos do prematuro não estão prontos
Verdade. Principalmente os pulmões, uma vez que ele fazia a troca de ar por meio da placenta. Por isso é muito comum ele apresentar dificuldades respiratórias, o que requer ajuda para assegurar os níveis adequados de oxigênio. Nudelman alerta para a necessidade de aparelhos que forneçam alguma pressão positiva para o ar entrar e medicações que mantenham o pulmão, ainda imaturo, mais aberto.
O prematuro não pode ser amamentado
Mito. Ele deve ser amamentado, porém não consegue sugar, por isso, a alimentação pode ocorrer por meio de sondas. De acordo com Maria Otília, o ideal é alimentar o bebê com leite materno ordenhado, mas pode ser necessário o uso de nutrição endovenosa. “Mesmos os prematuros maiores são sonolentos, sugam vagarosamente e não ganham peso”, explica.
Quanto menos aparelhos ligados no bebê, melhor ele está
Verdade. Isso significa que o corpo já consegue se manter aquecido sem a necessidade da incubadora, os pulmões estão suficientemente desenvolvidos para garantir o ar necessário, ele já consegue sugar e se alimentar sem ajuda de sondas.
Prematuros terão problemas para o resto da vida
Mito, embora prematuros extremos tenham mais chances de apresentar alguma complicação. “Casos graves, como falta de oxigênio ao nascer, por exemplo, podem deixar sequelas e por isso precisarão de acompanhamento prolongado”, aconselha Heloisa.
O prematuro não pode fazer todos os exames
Mito. Huberman afirma que o acompanhamento clínico e laboratorial, além de exames de imagem para verificar o crescimento e desenvolvimento do bebê são primordiais. A prevenção de doenças acontece graças à extensa bateria de exames.
Ele é mais vulnerável a doenças
Verdade. Principalmente as respiratórias.
As vacinas do prematuro são as mesmas do calendário nacional de vacinação
Verdade. “Mas o pediatra pode orientar de forma diferente, caso haja necessidade”, cita Huberman.
É impossível evitar a prematuridade
Mito. “Com um pré-natal precoce e muito bem feito, é possível detectar os indícios da prematuridade”, diz Huberman. As causas mais comuns do parto prematuro são hipertensão arterial, ruptura precoce das membranas amnióticas e infecções.
O desenvolvimento neurológico do bebê prematuro é diferente
Verdade. “Os prematuros ganham um descontinho, visto que consideramos a data provável para 40 semanas para avaliar as novas conquistas. Por exemplo, um bebê que nasce de 31 semanas ao completar quatro meses deve fazer o mesmo que um bebê não prematuro que completou dois meses”, conta Maria Otília. Porém, este “desconto” acaba quando se completa dois anos. A mesma regra é utilizada para peso e estatura, o que significa que ele tem um tempo a mais para buscar o que perdeu por nascer antes.
Os cuidados médicos devem ser diferenciados
Verdade. Heloisa aponta para a necessidade de assistência médica diferenciada e equipe multidisciplinar, principalmente para os nascidos com menos de 30 semanas. “No futuro, o pediatra poderá indicar outros profissionais, como fisioterapeutas e fonoaudiólogos, se necessário”, acrescenta Huberman.
O bebê prematuro precisa viver numa redoma de vidro
Mito. Após os cuidados extremos no hospital – e o ganho de peso e maturidade necessários para ir para a casa – os médicos sugerem que a família leve vida normal, sempre que possível: passeios, aleitamento materno exclusivo, contato com o mundo exterior, inclusive com outras crianças. “Manter as vacinas em dia, alimentação saudável e evitar o contato com pessoas doentes bastam”, diz Maria Otília.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma geração de prematuros

Da Gazeta do Povo:



Uma nova geração que começa a frequentar os consultórios pediátricos desafia os médicos. São crianças prematuras – que nasceram antes da 37ª semana – e que podem ter o desenvolvimento afetado por esta condição. Segundo a endócrino-pediatra Margaret Boguszewski, professora do departamento de pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), esta geração tem hoje cerca de 10 anos de idade: “O problema, que não tínhamos 20 anos atrás, é saber se os prematuros irão apresentar problemas no desenvolvimento até tornarem-se adultos”, diz. Todos os anos, segundo o Ministério da Saúde, nascem no Brasil cerca de 3 milhões de crianças, 10% delas prematuras. Desse total, os problemas de crescimento podem afetar em torno de 30 mil. “Nos próximos anos, a demanda por atendimento dessas crianças será muito grande, até pelo aumento desse tipo de nascimento devido ao alto número de gestações de gêmeos e de fertilizações com quatro ou cinco embriões de cada vez”, explica Margaret.

Durante um ano e meio ela analisou o banco de dados de um laboratório farmacêutico americano com informações sobre uma pesquisa mundial em que 3.215 crianças nascidas prematuras com idade entre seis e sete anos foram medicadas com hormônio do crescimento. Os resultados desta análise internacional, que mereceu recentemente uma matéria no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, órgão de divulgação da Sociedade Americana de Endocri­no­­logia, e a observação do crescimento das crianças prematuras sem intervenção de medicamentos no HC/UFPR, foram abordados por ela em entrevista para a Gazeta do Povo.

Existe diferença no desenvolvimento da criança prematura? O período de crescimento pós-nascimento prematuro não é tão favorável quanto o que ocorre na barriga da mãe: a criança sai de um ambiente uterino equilibrado e é exposta a intervenções externas e fica suscetível a infecções. Quando a situação estabiliza, muitas delas não recuperam a capacidade de se desenvolver plenamente.

Os prematuros não conseguem produzir hormônio do crescimento? Não necessariamente. A dificuldade no crescimento não é exclusividade de quem tem deficiência deste hormônio, mas sim pela condição de prematuridade e pela necessidade de cuidados externos. Crescem menos aquelas crianças que além de prematuras são consideradas pequenas demais para a idade gestacional aferida no parto: um nascido aos seis meses, que deveria pesar um quilo, e que ao invés disso nasce com apenas 800 gramas, por exemplo.

Como foi feita esta análise do banco de dados? Ela foi realizada com crianças prematuras que não recuperaram a capacidade de crescimento durante os anos e que, por isso, tinham de usar o hormônio. Um dos fatores da baixa estatura era o fato de terem nascido prematuras. Nós analisamos o primeiro ano de tratamento dessas crianças e vimos que o seu ritmo de crescimento chegou a dobrar com a aplicação do hormônio.

No experimento internacional, como as crianças recebiam o hormônio?Foi usado um medicamento sintético igual ao hormônio de crescimento produzido pelo organismo. Ele foi injetado diariamente nas crianças analisadas por no mínimo um ano. Esta não é uma intervenção capaz de ser feita de forma massiva em toda uma população.

Alguma dessas crianças já se tornou adulta para que todo o seu crescimento fosse analisado? Não, este estudo é recente. Uma primeira geração de prematuros são adultos jovens na faixa de 20 anos e que provavelmente não tiveram intervenções. Já se sabe que existe o risco de um crescimento inadequado, mas a intervenção foi pensada para esta nova geração, pois o tratamento do prematuro é uma ação desta década.

Por que não se trata o crescimento das crianças prematuras antes dos dois anos de idade? Porque há um período mínimo para que ela mostre se tem condições de recuperar o crescimento de forma espontânea. Entre os dois e três anos de idade, a média de crescimento é de 12 centímetros. Se ela cresce mais do que isso, houve recuperação espontânea. Mesmo que o crescimento seja menor, é preciso aguardar. Na faixa de cinco a seis anos, já foi dado o tempo de recuperação espontânea necessário para ver se o ritmo de crescimento é baixo.

No Hospital de Clínicas da UFPR há pesquisas com aplicações de hormônios? A intervenção é complicada, porque precisa de um órgão financiador. A medicação é cara e o estudo em crianças é mais restrito. Neste momento não existe este tipo de ação no hospital. Fazemos uma pesquisa de análise do crescimento espontâneo e resgate desses dados. O que acontece são casos eventuais de crianças prematuras que precisam de atendimento e, analisados caso a caso, elas são tratadas.

Como as crianças que não recebem hormônio se desenvolvem? É pela alimentação reforçada? Até algum tempo existia a certeza de que a criança prematura tinha que ser superalimentada: havia fórmulas lácteas especiais para prematuros, com carga calórica e proteica maiores. Hoje não é mais assim. É preciso deixar a criança se recuperar sem sobrecarregá-la, afinal seu organismo é imaturo. O importante é garantir que o bebê não desenvolva doenças secundárias que possam atrapalhar seu desenvolvimento como problemas intestinais e respiratórios. É preciso manter a criança bem nutrida, mas dar chance para que ela se recupere sem forçá-la.

Em que fase da vida o hormônio do crescimento é mais importante? Ele é importante a vida toda. O bebê produz o hormônio ainda no útero, mas ele tem um papel mais intenso a partir do segundo ano de vida. No primeiro ano de idade, o que mais influencia o crescimento do bebê é a questão nutricional e de saúde. Depois que paramos de crescer, por volta dos 20 anos, a produção do hormônio diminui, mas não para, pois todos precisam dele para regular o metabolismo, manter a quantidade de massa magra e também de gordura, controlar o colesterol no sangue e manter a densidade óssea.

Um abraço.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O encontro com as mães da UTI

Do Mídia News:

Quinze anos depois, as médicas reencontram Victor, que nasceu com 700g

A primeira vez que as mãos da pediatra Filomena Bernardes de Mello tocaram os dedinhos de Victor dos Santos Gallo, ele pesava apenas 700 gramas, media menos do que 30 centímetros e acabara de nascer após uma gravidez de seis meses incompletos.

Naquele ano 1996, a criança era prematura demais para que a médica sentisse, com plena certeza, que o bebê tão pequenino sobreviveria. Quase quinze anos depois, as mãos de Filomena e Victor voltaram a se tocar.

O encontro, acompanhado pela reportagem, celebrou os “dribles” que o menino deu em todas as projeções pessimistas da medicina. “O quadro não era nada bom”, diz, com consciência de adulto, o hoje adolescente de 14 anos e 7 meses. Para Filó – como é chamada por todos na maternidade em que ainda trabalha – foi mais uma prova de que ter escolhido a função médica de tentar reproduzir o “útero” para meninos e meninas que nascem antes do tempo é mais do que um trabalho. “É uma missão”, diz ela.

A especialidade médica chamada neonatologia é aquela que cuida principalmente dos bebês prematuros ou que nascem com baixo peso severo – menor do que 1 quilo. Hoje, com a popularização das técnicas de fertilização in vitro e com o aumento da idade das mães, cresceram também as taxas de prematuridade das crianças.

Em 1996, ano em que Victor chegou ao mundo, os “apressadinhos” respondiam por 5,3% do total de partos, mostram os números do Ministério da Saúde. Uma década depois, passaram a representar 9% dos nascimentos em Estados como São Paulo, um crescimento de 27% no período.

Este aumento da demanda também veio acompanhado por mais tecnologia e pesquisas para tratar dos pequenos. Uma criança nascida após cinco meses de gestação hoje já não é mais uma raridade e as chances de sobrevida estão bem mais ampliadas.

Mas mesmo com todas as máquinas incubadoras de última geração – que ajudam a deixar quentinho o bebê, protegido e pronto para desenvolver-se fora da barriga da mãe – o papel do neonatologista é fundamental neste processo. É preciso monitorar cada batimento cardíaco, respiração, expressão facial, sono, choro. A intervenção precoce é o que garante a sobrevivência da criança prematura.

Nos oito meses que precisou ficar internado após o nascimento no dia 14 de setembro de 1996, Victor recebeu estes cuidados 24 horas por dia de uma equipe de neonatologistas majoritariamente feminina, coordenada pela Doutora Filó.

Todo ano, perto do Dia das Mães, o garoto volta ao Hospital e Maternidade Santa Joana de São Paulo para visitar as médicas que, acredita o menino, permitiram à sua mãe Diva Gallo comemorar de forma feliz o segundo domingo de maio.

Vitorioso
Diva tentava engravidar havia dez anos. Inúmeras tentativas frustradas foram colecionadas até que, aos 38 anos, veio a confirmação da gravidez. “Estava tudo certo, fazia o acompanhamento com o pré-natal, não havia orientação médica para deixar de fazer nada. Era a mulher mais feliz do mundo, mas como já tinha tido abortamentos antes, tinha receio de perder o meu bebê”, lembra Diva.

A gravidez era comemorada, mas quase não deu para ser curtida. “Foi tudo muito rápido”, lembra. Um dia Diva sentiu uma dor e certo incômodo, foi para o Hospital Santa Joana só para checar se estava tudo bem e ali foi informada que precisava fazer um parto de emergência. Não compreendia muito bem como iria parir sendo que não estava grávida nem há seis meses. Mas fez força, empurrou e teve parto normal de um menino. “Não sabia que o sexo era masculino e nem tinha escolhido um nome para ele.”

O bebê era tão pequenininho que não chorou. O silêncio era forte na sala de parto. A criança foi levada à UTI neonatal, com complicações pulmonares e cardíacas muito sérias. “Eram só 700 gramas que aquele garotinho pesava”, pensou Filomena enquanto, pela primeira vez, segurava na mão do menino.

Os médicos não deram prognósticos muito favoráveis. A sobrevivência não podia ser garantida. Mas uma enfermeira disse uma frase que marcou Diva e o marido e ajudou a definir a identidade do protagonista desta história.Como lutou para sobreviver este menino”, disse. Pronto. Nome escolhido. Ele era um vitorioso. Vai chamar Victor.

Experiência in loco
Ter alta da maternidade e sair sem o bebê nos braços marcou Diva. Naquele momento tão difícil ela já havia criado laços de afetividade bem fortes com toda a equipe cor-de-rosa do Santa Joana. Com Filó, o carinho também era crescente e a mãe do Victor ficava até mais segura “e menos culpada” de passar algumas horas longe do hospital quando era ela que estava de plantão.

Victor foi o menor prematuro que nasceu naquele ano no Santa Joana. As roupas e os sapatinhos ficavam folgados nele, por menor que fossem. E as médicas, sem esconder da mãe, sabiam que ele seria uma fonte de aprendizado inesgotável. Iria ensinar o que, até aquele momento, elas não sabiam.

O afeto que a equipe toda demonstra até hoje pelo menino também é justificado por ele ter sido uma espécie de “professor”. “O Victor teve todas as viroses possíveis e imagináveis, complicava o quadro sempre, usou toda a munição médica que tínhamos na época. Ele nos ensinou muito”, diz Filomena cheia de emoção.

Um bom remédio
Não foi apenas referência de procedimento clínico que o menino Victor “ensinou” àquela equipe. O conceito de humanização, ainda mais dentro da UTI, não era forte há 15 anos. As mães quase não podiam tocar as crianças, as visitas eram com prazo e hora marcada. Ficar perto do leito junto ao filho era um privilégio que parecia durar apenas alguns segundos para a maioria delas.

“Mas já naquela época começamos a perceber que as mães mais carinhosas, aquelas que conversavam por entre o vidro da incubadora com os seus bebês, as mais participativas dos tratamentos eram também as que conseguiam mais altas hospitalares e melhor sucesso com suas crianças”, conta Filó.

Diva foi uma das que ajudou a médica Filomena a chegar as estas conclusões. Victor, de certa forma, auxiliou o hospital a reconhecer a importância do tratamento mais humano, com mais contato entre mãe e filho, aos moldes da estrutura que existe hoje.

As primeiras palavras
Oito meses de internação hospitalar foram completados e Diva pôde então levar o seu pequeno, agora com 3 quilos, para a casa. “O marco da vida do prematuro é diferente dos bebês que passam por uma gestação completa”, explica Filó.

“Aqui no hospital tentamos reproduzir o que o útero materno faria. Mas esta antecipação do nascimento também traz um tempo diferenciado para as primeiras palavras, os primeiros passos e em alguns casos até de aprendizagem”, explica a neonatologista.

Victor surpreendeu nisso também. “Mamãe” foi a primeira palavra dita aos 2 anos, logo em seguida dele começar a andar sozinho. Aos 6 anos, ele foi para a escola, no ensino tradicional, e apesar de ser bem pequenino e não caber na carteira, sempre acompanhou a classe.

Foram algumas internações por problemas respiratórios e visitas frequentes ao médico, bem mais do que seus colegas de classe. Aos 8 anos, entratanto, Victor já passou a acompanhar a curva de crescimento e de peso dos outros meninos.

Todo este processo foi acompanhado pela médica Filomena, atualizada sempre que o garoto retornava ao Santa Joana ou para celebrar junto com a equipe o Dia das Mães ou o seu aniversário. “A primeira vez que eu ouvi o Victor falar ele, enrolou a língua, e disse que queria ir ao mercado comprar bala. Nunca esqueci as palavras e fiquei bem emocionada”, lembra Filó. Neste último encontro, a frase dita pelo garoto também balançou a médica. Em português bem claro, Victor contou que já deu o primeiro beijo (na boca) em uma menina mais alta do que ele, mas não é “namoro não”.

Esperança
O caso de Victor é emblemático para mostrar como Filó conduz a sua carreira que completa 27 anos em 2011. O garotinho, hoje forte e cheio de saúde, divide espaço não só no coração da equipe neonatal do Santa Joana mas também no livro onde estão as fotos do mais de 3 mil bebês que já passaram pelos cuidados das médicas e dos médicos de lá.

“Não esquece de falar do Dr. Franco, meu pediatra até hoje, porque eu adoro ele demais”, falou Victor à reportagem.

Em todas estas histórias registradas no livro do Santa Joana, Filó algumas vezes teve certeza da alta e da recuperação dos bebês. Em outras duvidou que isto seria possível (no ano passado uma menina nascida com 450 gramas foi para casa). Mas é também por ser mãe que ela sempre soube como lidar com estas perspectivas. "Existe algo que nenhum médico pode tirar do paciente que é a esperança", diz Filó. "Ser mãe de prematuro é vibrar por cada dia que a criança sobrevive na UTI. Ser médica de prematuro é também fazer isso”, contou.

Para quem dúvida, basta passar um dia ao lado de Victor, talvez futuro jogador de futebol de salão, que adora as garotas altas, deixando Diva e todas as “mães” da maternidade com um ciúme danado!



Um abraço.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre a prematuridade... (tá rendendo!!!)

Em MARÇO (!!) deste ano recebi este e-mail da Chris Kanzler:

Olá, André, tudo bem?
Acredita que o post sobre a minha história prematura vai virar matéria de revista? Já até entrevistaram a minha mãe! :)

Pense numa pessoa que está morrendo de vergonha! Teremos sessão de fotos e tudo! kkkkkk
A revista é essa daqui: http://issuu.com/entenderamulher/docs/entenderamulher02
A jornalista me perguntou algumas coisas, como a contribuição em relação aos prematuros, se você quiser ou achar interessante, posso citar como referência esse material do seu blog, que foi o que me inspirou na verdade a escrever sobre a minha história.

Um abraço,
Chris.


Ah, você falou o nome de uma das suas leitoras! Que nada! A Chris é uma psicóloga de Brasília, já amiga da família, cozinheira de mão cheia, em cujo apartamento pretendo um dia levar as crianças pra arrepiar geral e minha esposa pra jantar e bater papo com ela e o marido dela. Além disso, pra mim a maior distinção dela é ter sido a primeira leitora desse pequeno, discreto e quase imperceptível blog a declarar sua história prematura.

Fico muito feliz Chris. Sua mãe deve ter mandado cópias e mais cópias para as amigas e as parentas dela... :)

Não ouvi mais falar da reportagem. Conte-nos, se eles autorizarem, publico aqui.

Aliás, você leitora ou leitor, conte também sua hnistória prematura. Algumas corajosas e orgulosas famílias já fizeram isso. Confira em Histórias Prematuras.

Um abraço.

CURSO de ALEITAMENTO MATERNO em São Paulo

A Clínica Interdisciplinar de Apoio à Amamentação, o Cantinho da Mamãe e o www.aleitamento.com oferecerão o tradicional:

XI Curso (presencial) de MANEJO CLÍNICO da LACTAÇÃO 

Dirigido a profissionais de medicina, enfermagem, nutrição, fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, musicoterapia, psicomotricidade, serviço social... interessados em se atualizar em como se processa a psicofisiologia da lactação, como se apóia a nutriz e como resolver os problemas mais comuns.

Vagas limitadas – turma pequena
  
A coordenação é do Prof. Marcus Renato de Carvalho, Pediatra, Docente do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ onde ministra aulas para a graduação e pós-graduação de Medicina, Psicologia e Fonoaudiologia. Formado em Medicina pela UFRJ com Mestrado em Saúde Pública pela ENSP/Fio Cruz, é pós-graduado emManejo da Lactação pelo Wellstart International. Especialista em Amamentação pelo International Board Lactation Consultant Examiners desde 2001.

Programa
20 de maio – 6ª. feira
  • 19h - recepção e confirmação de inscrição
  • 19h30 – Pré - teste, apresentação dos participantes e das dinâmicas do curso.
  • 20h - Leite Materno & Amamentação - múltiplos benefícios para o lactente, para a mulher e para a sociedade.
    (Imunologia e componentes nutricionais do leite humano. Impacto do aleitamento para o sistema estomatognático, na morbi-mortalidade e na saúde materno-infantil...) 
  • 21h30 - Encerramento do 1º. dia
21 de maio - sábado
  • 8h30 - chegada e cafezinho
  • 9h - Causas alegadas e reais de desmame precoce
    (Leite fraco, pouco leite... Crenças e tabus X Amamentação baseada em evidências científicas. Desconhecimento da psicofisiologia da lactação. Atuação dos profissionais e maternidades. Publicidade de alimentos infantis. Sistemas comunitários e leis de proteção. O papel do homem...
  • 10h – O papel da Fonoaudiologia na prevenção e resolução de disfunções orais – Fonoaudióloga convidada
    (Os músculos e os reflexos orais envolvidos na sucção e impacto sobre a saúde oral. Confusão de bicos. Prevenindo o respirador bucal. Porque mamadeiras, chupetas, bicos de silicone não são recomendados...)
  • 11h – Intervalo
  • 11h30 - Psicofisiologia e técnicas da Lactação
    (Prolactina, Ocitocina, Hipófise anterior e posterior, PIF, FIL – peptídeos supressores, adrenalina e noradrenalina. Lactação adotiva. Psicossomática...)
  • 12h30 – Intervalo para almoço
  • 13h45 – Exposição multimídia AmaMentAção – Fotos de William Santos
  • 14h – Aula escolhida pelos participantes (veja opções abaixo)
  • 15h – Intervalo
  • 15h30 -  Casos clínicos – aplicação da atitude de Aconselhamento
    (Atitude e postura do profissional frente à nutriz e sua família. Técnicas de abordagem. Aconselhamento não é dar conselhos. Orientando casos típicos e traçando condutas práticas...)
  • Sorteio dos livros:
    - Amamentação – bases científicas, 3ª. edição
    - Da Gravidez à Amamentação, 1ª. edição
  • 16h30 - Resolvendo as intercorrências mais comuns: Fissuras, Ingurgitamento, Mastite...
    (As causas dos problemas na amamentação. Como tratar e impedir novas complicações...)
  • 17h30  Pós - teste, avaliação.
  • 18h - Encerramento e entrega de certificados.
Docente convidada: Maria Teresa Cera Sanches
Fonoaudióloga e Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública - USP.
Pesquisadora do Instituto de Saúde – Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo
Consultora do Ministério da Saúde para o Método Canguru.
Capacitadora oficial em Aconselhamento e Manejo Clínico em Amamentação pela SES-SP
Coordenadora do Comitê de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
Aulas com projeção multimídia e vídeos

O Curso terá como base e referência principal o livro AMAMENTAÇÃO Bases Científicas, 3ª. edição

Investimento
R$ 300,00 na inscrição e mais R$ 300,00 no dia 20 de maio de 2011 ou R$ 500,00 a vista (com desconto).
 
Desconto especial para grupos com mais de 4 profissionais. 
·         Inscrições aqui ou escreva para thais@cantinhodamamae.com.br
·         Local do curso: São Paulo – SP 




Você que é profissional de saúde, vá, vale o esforço. E isso pode ser vital para muitos prematuros.
 
Um abraço.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Artigo XII - Você conhece?

Artigo XII
 
Todo prematuro tem direito a ser alimentado com leite de sua própria mãe, ou na falta dela, de outra mulher, tão logo suas condições clínicas o permitirem. Deverá sua sucção corretamente trabalhada desde o início da vida e caberá à Equipe de Saúde garantir-lhe esse direito, afastando de seu entorno bicos de chupetas, chucas ou qualquer outro elemento que venha interferir negativamente em sua sucção saudável, bem como assegurar-lhe seu acompanhamento por profissionais capacitados a facilitar esse processo. Nenhum custo financeiro será considerado demasiadamente grande quando aplicado com esse fim. Nenhuma fórmula láctea será displicentemente prescrita, e nenhum zelo será descuidadamente aplicado sem que isto signifique desatenção e desamparo. O leite materno, doravante, será considerado e tratado como parte fundamental da sua vida. 
Um abraço.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Artigo XI - Você conhece?

Artrigo XI 
 
Todo prematuro tem direito, uma vez atingidas as condições básicas de equilíbrioe vitalidade, ao amor materno, ao calor materno e ao leite materno, que lhe serão oferecidos pelo Método Mãe-Canguru. Caberá à Equipe de Saúde prover as condições estruturais mínimas necessárias a esse vínculo esasencial e transformador do ambiente prematuro. Nenhum profissional ou cargo de comando, em nenhuma esfera, tem a prerrogativa de impedir ou negar a possibilidade desse vínculo que é símbolo da ciência tecnocrata redimida. 
Um abraço

segunda-feira, 21 de março de 2011

Artigo X - Você conhece?

Artigo X
 
Todo prematuro tem direito a perceber a alternância entre claridade e penumbra, que passaraão a representar para ele o dia e a noite. Nenhuma luz intensa permanecerá o tempo inteiro acesa, e nenhuma sombra será impedida de existir sob a alegação de monitorização contínua sem que os responsáveis por esses comportamentos deixem de ser considerados displicentes, agressores e de atitude dolosa. 
 
Um abraço.

Artigo IX - Você conhece?

Artigo IX
 
Nenhum prematuro deverá, sob qualquer justificativa, ser submetido a procedimento estressate apliado de forma displicente e injustificada pela Euipe de Saúde, sob pena de a mesma ser considerada negligente, desumana e irresponsável.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Artigo VIII - você conhece?

Artigo VIII

Todo prematuro tem direito inalienável ao silêncio que o permita sentir-se o mais próximo possível do ambiente sonoro intrauterino, em respeito a seus limiares e à sua sensibilidade. Qualuer fonte sonora que desrespeite esse direito será considerada criminosa, hedionda e repugnante.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Artigo VII - você conhece?

Artigo VII

Todo prematuro tem direito ao repouso, devendo por isso ter respeitados seus períodos de sono superficial e profundo que doravante serão tomados como essenciais para seu desenvolvimento psíquico adequado e sua regulação biológica. Interromper de forma aleatória e irresponsável sem motivo justificado o sono de um prematuro é indicativo de maus-tratos.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Artigo VI - você conhece?

Artigo VI

Nenhum prematuro será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Sua dor deverá ser sempre considerada, prevenida e tratada por meio dos processos dispnibilizados pela ciência atual. Nenhum novo procedimento doloroso poderá ser iniciado até que o bebê se reorganize e se restabeleça da intervenção anterior. Negar-lhe esse direito é crime de tortura contra a vida humana.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Artigo V - comentário

Prezado Andre


Seguramente que tem

Como ser vivo

Como ser humano

Como direito inalienavel.

Seria odiento supor que restringir essa liberdade fosse ético, fosse correto.

Opina e se expressa o bebe prematuro a cada instante.

Mas paradoxalmente o profissional não conhece a leitura de seus sinais comportamentais.

Resume-se a catalogar e interferir nos danos fisiologicos causados pelas sindromes clinicas e a conhecer as minimas alterações de seus efeit os:

Cor, ritmo, tonalidade, indices bioquimicos, frequencias monitoradas...

Nunca se pergunta: o que esta me dizendo esse bebe quando cerra a mão, quando boceja ou simplesmente quando coloca a lingua pra fora ou quando soluça...

Jamais se pergunta: porque esses olhos arregalados? Porque essa falta de resposta ao estimulo doloroso? Porque esse sono que não passa?

Sono, bocejo, mão cerrada e soluço não são sinais que mereçam ser lidos e interpretados, afinal de contas...

Ah...

Ledo engano...

A lingua de sinais pronunciada pelo bebe prematuro merecia mais respeito...

Um dia quando compreendermos o significado completo da palavra negligencia nos aproximaremos da compreensão da voz do bebe que fala através de comunicação não verbal, de sinais que chamamos comportamentais e que podem muitas vezes serem traduzidos por fica comigo ou me deixa sozinho...

Todo prematuro tem direito a liberdade de opinião e expressao...

O homem do alto da sua insensibilidade é que ainda não se apercebeu disso...

Com carinho



Luis Tavares.

Artigo V - você conhece?

Artigo V

Todo prematuro tem direito à liberdade de opinião e expressão, portanto deverá ter seus sinais de aproximação e afastamento identificados, compreendidos, valorizados e respeitados pela equipe de cuidadores. Nenhum procedimento será considerado ético quando não levar em conta para a sua execução as necesssidades individuais de contato ou recolhimento do bebê prematuro.

O prematuro tem mesmo esse direito?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Artigo IV - você conhece?

Artigo IV

Todo prematuro tem o direito ao tratamento estabelecido pela ciência, sem distinção de qualquer espécie, seja raça, cor, sexo, ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Assim, todo prematuro tem o direito de ser cuidado por uma equipe multidiscipinar capacitada a compreendê-lo, interagir com ele e a tomar decisões harmônicas em seu benefício e em prol de seu desenvolvimento.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Artigo III - você conhece?

Artigo III

Nenhum prematuro será arbitrarimente exilado de seu contexto familiar de modo brusco ou por tempo prolongado. A preservação desse vínculo, ainda quando silenciosa e discreta é parte fundamental de sua vida.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Artigo II - você conhece?

Artigo II

Todo prematuro tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.

O prematuro tem mesmo esse direito?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Artigo I - você conhece?

Artigo I

Todos os prematuros nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência. Possuem vida anterior ao nascimento, bem como memória, aprendizado, emoção e capacidade de resposta e interação com o mundo a sua volta.

O prematuro tem mesmo esse direito?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A experiência do pai de prematuro - artigo científico

Esse post, é feito com extratos de um artigo muito interessante publicado na Revista Latino-americana de  Enfermagem (2006 janeiro-fevereiro; 14(1):93-101).


CUIDAR E O CONVIVER COM O FILHO PREMATURO: A EXPERIÊNCIA DO PAI
Daisy Maria Rizatto Tronchin1
Maria Alice Tsunechiro1

O estudo objetivou descrever e compreender a experiência do pai de prematuro que nasceu com peso inferior a 1.500g. Adotou-se o referencial metodológico da etnografia e os dados foram coletados por meio da observação participante e entrevistas. A terapia intensiva neonatal de um hospital de ensino e os domicílios de seis pais constituiram-se no cenário cultural. Os resultados foram apresentados sob a forma de narrativa com análise, segundo o Método Biográfico Interpretativo.

Das oito categorias culturais emergiram dois temas:
  • a capacidade para tornar-se pai - momentos de luta e crescimento
  • o cuidar e conviver com o filho.
As vivências transformadoras na vida dos homens foram compreendidas em duas situações:
  • intra-hospitalar, representadas pelo nascimento precoce, sofrimento imposto na internação e religiosidade;
  • extra-hospitalar, manifestadas pelo conviver no domicílio e esperança no futuro da criança, ambos permeados por experiências positivas e negativas.
INTRODUÇÃO
Em unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN), o convívio com os pais mostrou a necessidade de maior compreensão, não só do processo de cuidar das crianças em estado crítico como também das pessoas de sua rede familiar que vivenciam situações de sofrimento, em particular, a mãe e o pai.


Nesse ambiente, os laços afetivos entre pais e filhos quase sempre são comprometidos em razão do longo período de internação, das rotinas impostas pela instituição e condições clínicas da mãe e da própria criança, sobretudo, do prematuro de muito baixo peso, ou seja, aquele que nasce antes de completar 37 semanas de gestação com peso inferior a 1.500g(1).


Em meio às transformações que ocorrem nessas unidades, a presença da figura paterna tem sido cada vez mais freqüente. Não é raro observar manifestações de comportamento indicadoras das dificuldades que eles enfrentam para expressar e/ou compartilhar seus sentimentos, contrariando o que a sociedade deseja do homem, como esperança e apoio à sua esposa e a outros familiares. A situação expõe a díade pais-filho aos riscos sociais, biológicos e emocionais, podendo prejudicar o crescimento e desenvolvimento da criança(2) e a estrutura e dinâmica familiares.


Na revisão bibliográfica, ao longo dos anos, o tema paternidade foi desconsiderado, dando-se maior ênfase às temáticas voltadas à maternidade; assim, existem poucos estudos que focalizam a experiência paterna, em especial, quando se trata de nascimento prematuro.


(...)


Nesse milênio, é preciso buscar um novo pai; dificuldades como a falta de ternura, cumplicidade com os filhos, originadas do pai autoritário, provedor, distante emocionalmente precisam ser transpostas para se resgatar um homem voltado às questões da paternidade e cuidado(4).


Assim, realizou-se este estudo com os seguintes objetivos: descrever e compreender a experiência do pai do recém-nascido prematuro de muito baixo peso na internação hospitalar e no domicílio. Pelo conhecimento da percepção masculina de ter filho prematuro, pretendeu-se obter subsídios para repensar o modelo de assistir e gerenciar nas unidades neonatais e promover assistência humanizada com vistas a melhorar a qualidade de vida das crianças e possibilitar a efetiva participação paterna no processo de cuidar do filho.


REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO (gostei disso).


O referencial metodológico da etnografia em sua perspectiva interpretativa foi empregado nesta pesquisa. Os pais de prematuros constituem um grupo cultural que compartilha conhecimento, valores, símbolos e significados, desenvolvidos por meio de interações sociais e que, nos últimos anos, tornamse maiores na sociedade.


A etnografia é compreendida como uma metodologia qualitativa originada da antropologia cultural, na qual o foco é centrado no significado e nas estruturas da vida, cujas manifestações são expressões de escolhas determinadas que o homem executa no intuito de organizar a vida, constituindo a cultura. Em suas escolhas, o homem é condicionado por suas características, pelo interagir com os outros indivíduos e com o ambiente, no qual se insere, tornando o produto etnográfico uma descrição densa dos dados, cabendo ao pesquisador a interpretação do significado das ações do grupo cultural(5- 6).


(...)




RESULTADOS


Os pais do estudo foram seis, com a média de idade de 25 anos, quatro viviam a paternidade pela primeira vez; cinco moravam em união consensual; a idade média das parceiras era de 30 anos. Apresentavam baixa escolaridade; cinco exerciam atividades no setor de serviços, em ocupações com média de seis salários-mínimos e apenas um residia em casa própria. Em relação às crianças: cinco eram do sexo feminino, média do peso ao nascer 1.200g e idade gestacional 31semanas; permaneceram internadas, em média, 53 dias e, na alta hospitalar, a média de peso foi 1.702g.


As categorias culturais

O nascimento: um percurso de eventos inesperados
O nascimento precoce significou romper com o sonho de ter o filho em tempo normal, livre de intercorrências, pois condições físicas advindas de patologia materna ou da gravidez interferiram no ciclo gravídico, sendo necessário interrompê-lo para garantir a vida do bebê.


Os pais revelaram com detalhes a necessidade da retirada repentina do filho do ventre materno: Quando deu sete meses e meio, mais ou menos, é que a pressão dela subiu... Os médicos tiveram que tirar o nenê às pressas... Tudo isso foi muito ruim... {Rodrigo}. No momento que eu soube que a Fátima já tinha tido o bebê, falei:- Minha Nossa Senhora, será possível um negócio desse? {Gilmar}.


A singularidade da internação do filho prematuro na UTIN
Ter um filho internado em unidade de cuidados intensivos foi uma experiência inesperada que desencadeou reação de choque, incredulidade, sofrimento e profunda tristeza. Acima de tudo, o medo de perder a criança, pois o ambiente da UTI ainda carrega o estigma de um lugar para morrer. Somam-se a isso, o distanciamento do filho, o mundo imaginário e todo o simbolismo agravando o processo de enfrentamento:... Aquele bebezinho tão pequenininho, então, você fica meio balançado, no sentido se não saber se vai viver ou se vai morrer... {Gilmar}. Chegava em casa depois da visita... Vinha a imagem que eu tinha deixado... A imagem impressionante dela com os aparelhos, os tubos, fios, soros... Ela tão pequenininha, não tinha cabelo, era miudinha, só tinha aparelhos. Tudo nela era muito diferente das crianças que eu conhecia, o corpinho, o jeito dela, o sofrimento... Antônio}.


A primeira visita foi a constatação da realidade vivida pelo filho e um momento inesquecível para o pai diante do aparato tecnológico disponível para manter a vida, com os profissionais de saúde e com a aparência do bebê: Outra coisa que é muito ruim, é o momento da primeira visita na UTI... Não tinha idéia do que era e do que eu encontraria... Não é fácil suportar... Cheguei e entrei...


No que olhei pra ele e vi a cabeça bem grande e o corpo bem fininho...{Rodrigo}. Lembro dela dentro do vidro, eu achava que a incubadora era de vidro.... Eu com aquele medo de até pôr a mão no corpinho dela... Estava ligada num monte de fio...Outra preocupação era quando dispara aqueles  alarmes... Os barulhos, as luzes que acendiam, tudo isso mexia muito com o meu coração... Até hoje eu falo nisso {Júlio}.


A partir da primeira visita, a imagem e as condições do bebê vão sendo transformadas. Na ocasião, as informações recebidas dos profissionais  de saúde foram fundamentais e trazidas, como alívio, para os pais assustados e fragilizados diante da situação, como mostra Otávio: Uma vez, eu estava  perto da incubadora, pensando se conseguiria passar por tudo aquilo...


A enfermeira chegou perto de mim e disse: - O nenê prematuro é muito espertinho... É só ter fé e tudo vai dar certo... Quando ouvi aquilo, coloquei essas palavras na minha cabeça e vim pensando sempre no que a enfermeira tinha dito e vi a menina escapar.


A tríade imposta pelas condições de saúde do filho e pelo aparato tecnológico são descritas pela necessidade de enfrentar os riscos, superar as barreiras e obter esperança de vida. A vulnerabilidade o estado clínico do neonato, o ambiente, os riscos do tratamento intensivo e a separação passaram a azer parte do cotidiano desses pais: ...Cada dia que você vê seu filho na UTI é preciso acreditar que é mais um dia que conseguiu sobreviver e vai se recuperando cada vez mais, é um progresso ver ele na UTI, é difícil entender que lá também é um lugar de recuperação {Gilmar}. Depois que minha mulher recebeu alta, a gente ficava aqui em casa e a Ateninha internada... Era um vazio dentro da gente e da nossa casa... Ela era nossa, só que ficava no hospital, nós não cuidávamos... {Antônio}.


O simbolismo representado pelo mundo imaginário, pelos sentimentos e pela concretude do presente são evidenciados pelos depoimentos dos colaboradores. Os símbolos são realidades físicas ou sensoriais que os indivíduos utilizam e atribuem-lhes valores ou significados específicos e representam ou implicam algo concreto ou abstrato(12) .


A vida no berçário: um porto quase seguro
A alta da terapia intensiva e a transferência para o berçário significaram alívio e foram considerados símbolos da recuperação e o registro de que a criança superou a fase crítica, tornando o caminhar mais ameno: Um alívio que senti, foi quando ela subiu [ao berçário] porque uma vez lá, a vida corria menos risco.


Percebi que ela estava mais animadinha, até as enfermeiras reclamavam, brincando que ela já tirava o sensorzinho do corpo. Então, cada dia que passava, ela melhorava e a esperança aumentava {Plínio}.


No berçário, o contato pele a pele, o aconchegar o filho foram reconfortadores, fortalecendo os laços afetivos, pois a sensação de tocar foi reconhecida, como estar por inteiro com o bebê, mesmo para os homens que, em razão do trabalho, dispunham de pouco tempo para permanecerem com o filho:... O pai tinha acesso livre... Eu entrava, lavava as mãos, vestia a roupa e corria pra ver ele, tocar nele. O melhor de tudo era ver ele reagindo... Ele sentia, tenho certeza, acho que eu transmitia alguma enrgia, não sei explicar... Só mesmo vendo... {Rodrigo}.


As trocas de calor humano e afetividade entre o prematuro e os membros da família são pontos cruciais ao fortalecimento do relacionamento; conforme permanecem o tempo que é possível com 
o filho, adquirem tranqüilidade, capacitando-se para o cuidar(13).


As sensações dos pais diante da alta hospitalar
Na alta hospitalar, a tônica das narrativas diz respeito ao rompimento do trinômio pai-mãe-filho com o mundo intra-hospitalar e a celebração da superação de parte dos problemas, encontrando, na sobrevivência do filho, a vitória. Simbolicamente, esse dia pode ser vivido como o nascimento para a vida extramuros hospitalar, enfim, na sociedade. O depoimento de Plínio reflete a alegria, a sensação de prazer e alívio: A mãe dela tinha me avisado de manhã, disse que ia sair às 14 horas. Nós saímos às 18 e 30. Tivemos que esperar os médicos preencher a papelada, as enfermeiras também... Você só respira aliviado quando sai pelo portão do hospital. O pior foi encontrar o leite, os bicos da  mamadeira e a chupeta... Nós viemos parando de farmácia em farmácia e, até para o Rio de Janeiro eu liguei, e nada, tudo especial, pra prematuro e onde achar? Naquela noite, foi um sufoco... O bico não achei, tivemos que comprar um semelhante, mas o furo era bem maior. Aí dentro do bico, nós colocamos um algodãozinho...

O acolhimento do filho no domicílio: a concretude do presente e o sonho com o futuro
Os pais descreveram o acolhimento do filho em casa, relembrando os primeiros meses de adaptação, expuseram os medos, a insegurança e revelaram os cuidados especiais. O período foi permeado pelo prazer de estar com a criança, mas ocorreram dificuldades inerentes ao processo de adaptação, sobretudo, as que necessitaram de cuidados especiais: Lembro, eu abrindo a porta do carro e a mãe dela com ela nos braço... Nós estávamos esperando tanto tempo pra isso acontecer... O que faltava agora estava aqui. Eu sonhava com esse momento {Plínio}. O Zeus, até o sexto mês, ficou na rampa e no suspensório devido ao refluxo, usava uns remédios, leite engrossado. Era muito difícil pra ele  dormir daquele jeito, parecia era um morcego... {Rodrigo}.


Quando as crianças são acolhidas no domicílio e recebem visitas de familiares ou amigos, os comentários a respeito do ser prematuro oscilam entre aspectos temerosos ou excesso de cuidado. O contexto sociocultural encontra-se impregnado do simbolismo marcado pelo desconhecimento ou crenças a respeito do nascimento prematuro.

Eu fiquei muito assustado com ele ter nascido de quase  oito meses, porque sempre ouvi falar, que pra viver tem que nascer de sete ou de nove meses, porque são números ímpares...{Rodrigo}. Aí, quando eu voltei pra casa, encontrei o pessoal que tinha ido visitar ela que falava: - Vixi! Ela não vai escapá... Inclusive, a minha sogra dizia: - Nossa! A nenê é muito pequena, não sei se vai escapá {Otávio}.


Com o passar do tempo, a relação dos pais e seus filhos foi se solidificando, aumentou a autoconfiança e eles adotaram novos comportamentos para acompanhar o novo mundo da criança: Com ele aqui em casa, eu levanto, vou trabalhar, mas antes fico beijando ele... Não vejo a hora de terminar o dia e voltar pra casa... Hoje, eu vejo meu filho como uma criança nascida de nove meses muito diferente daquele com 1.400g... {Rodrigo}. Nós ficamos aqui dançando, brincando, conversando. Às vezes, eu troco ela, penteio o cabelo, cuido mesmo, nós somos muito felizes {Antonio}.


A religiosidade: a busca de forças para transpor o sofrimento
Independente do fato de os homens possuírem uma religião, eles acreditaram no poder divino, denominado por eles de Deus para sustentar a trajetória de vida: Só Deus mesmo para fazer com que você acredite que ela pudesse escapar... É preciso ter muita fé... Por isso que o fato da minha filha ter sobrevivido, é uma glória e eu acredito que a fé cura... {Gilmar}.


A importância da religião reside na capacidade de servir, tanto a um indivíduo como a um grupo; de um lado, como fonte de concepções gerais, embora diferentes, do mundo, de si próprio e das relações entre elas – modelo de atitude – e de outro, das disposições mentais arraigadas – seu modelo para a atitude fluindo nos aspectos culturais, sociais e psicológicos(5).


A confiança e o respeito pelo trabalho dos profissionais de saúde
Os pais demonstraram confiança na equipe dos profissionais e na assistência prestada. Nota-se, também, a importância dos profissionais estarem atentos para estimularem os pais a se apropriarem da linguagem verbal e não-verbal no convívio com o filho. A confiança dos pais em relação à equipe de profissionais tornou-se crescente, por meio de atitudes transmitidas pelos esclarecimentos, formações, atenção, acolhida e convívio diário: Ela ficou os três primeiros meses de vida, internada na UTI... Eu só tenho méritos de dizer sobre o hospital e quem cuidou dela... Sempre tratando com amor, carinho, dedicando à minha filha, não tratando com má vontade, fazendo diferença entre filho de rico e de pobre {Júlio}.


O pessoal da enfermagem falava pra mim, não vou esquecer nunca: - Pai, pega nele, passa a mão, pode conversar, ele entende tudo... E eu passei a acreditar nisso. Isso faz a gente se sentir bem e confiar... {Rodrigo}.


A percepção do pai a respeito da atuação da equipe mostra a importância da atitude clínica assumida pelos profissionais, como um elemento de ajuda para a presença paterna no contexto da UTI.


As capacidades de ver, ouvir, captar e sintonizar-se com os clientes com base na perspectiva deles são percebidas como atitudes clínicas(14).


O tornar-se pai: a percepção da responsabilidade e o novo estilo de viver
O nascimento de um filho traz mudanças na vida das pessoas e da sociedade. Todo o caminho de vida dos pais de bebês de muito baixo peso, efetivamente, deixou marcas, alterando o rumo de suas vidas e os obrigou a transformarem seu dia-adia, como mostram as falas a seguir: O nascimento da Ateninha mudou completamente a minha vida, eu era mais moleque... Com o nascimento dela, pude enxergar um outro modo de viver, conheci o que é ter a responsabilidade de ser pai. Eu sempre sonhei em ser pai, e isso aconteceu. A pessoa bagunceira ficou pra trás, agora sou caseiro, adoro ficar com a minha filha {Antônio}. Significou dar mais valor à vida... Sou mais responsável, antes gostava de sair, de tomar cerveja, era festeiro... Hoje, sou uma pessoa caseira, saio somente com minha família {Gilmar}.


Nesse olhar, o nascimento acrescido ao fato de ter responsabilidade, retratada como conseqüência direta da paternidade, implica a incorporação ou assunção de novos papéis, caracterizados pelos 
atributos da seriedade e da maturidade que impele o homem a assumir e desempenhar a função de 
provedor(15).


O novo estilo de vida dos pais caracterizou-se por transformações e alguns mudaram de residência para melhorar a qualidade de vida da criança e o acesso ao serviço de saúde: Outra coisa que mudou, é que resolvemos mudar de casa. Nós morávamos muito mais longe do hospital... Essa mudança foi pra ficar num lugar, onde ela tem acesso ao médico. O outro bairro era muito distante, mas era mais tranqüilo, nesse fui assaltado, mas fazer o quê, é melhor pra ela e pra mãe dela {Plínio}.



(...)

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Os resultados desta investigação chamam a atenção para a necessidade de se inserir a visão masculina como um importante elemento na construção de um modelo de assistência e gerência nas unidades neonatais, dando voz a quem realmente vive a experiência.


(...)


Apreende-se que determinados aspectos da cultura hospitalar e seus significados incorporaram-se à cultura dos pais, exemplificados pela linguagem técnica que passaram a utilizar, pela transformação do significado da UTIN, como um local onde a vida corre risco, porém, consideraram-na como um ambiente de recuperação, sendo o ponto de partida para garantir a sobrevida do filho.


Nas histórias de vida, uma série de experiências foi compartilhada coletivamente, sobretudo as referentes à primeira visita na UTIN, ao vazio sentido por deixar o filho no hospital, solidariedade, crença em Deus e o contínuo aprendizado de cuidar do filho e aquisição da responsabilidade pela paternidade.


(...)

Tendo em vista todos os sentimentos, as expectativas e os significados da alta hospitalar da criança, para os pais é fundamental pensar em programas de educação em saúde nas unidades neonatais, envolvendo os homens no cuidado, considerando suas experiências, o contexto sociocultural, para que esses sejam verdadeiros parceiros na transformação da realidade, e tendo um aprendizado  ateral, considerando os saberes dos profissionais de saúde e dos pais.


O modelo tradicional de assistência que, de alguma forma, conta com a participação materna, deve ser repensado, incorporando a presença do pai nas unidades neonatais, para que se possa aprender a trabalhar com essa realidade e implementar medidas para definir e garantir seu real papel no cuidado do filho.

Longo, não é?

Mas o que vc achou?

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Primeiro bebê de 2011 nasceu prematuro em Maceió

Menino nasceu as 0h55 na Maternidade Santa Mônica e se encontra internado na UTI Neonatal
O primeiro bebê nascido no ano de 2011 em Maceió foi um menino. Ele nasceu a 0h55 na maternidade Santa Mônica, localizada no bairro do Poço. Segundo informações da maternidade, o menino, que ainda não teve o nome revelado, nasceu prematuro e precisou ser internado na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A mãe identificada apenas como Nireide está internada e passa bem.
Fonte: Gazetaweb.

Poderia haver maior estímulo do que este para retomar as atividades em relação à Proteção aos desejados direitos do Bebê-Prematuro?

Vamos retomar as atividades.